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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Brincando com cola colorida

Depois de dezoito encontros com parceiros de estudos do desenho acadêmico, coordenados e estimulados pelo Celso Mathias, montei um sketchbook só com papal kraft 120gr para continuar exercitando o que aprendi. A apresentação rústica do papel me atrai. Parece papel de embrulho, coisa menor (Freud explica). Trocando o tradicional lápis pela caneta para marcar CD, assumindo assim o registro do erro fiz esses estudos utilizando fotos como referência. Ainda vai chegar o dia dos desenhos feitos a partir do modelo vivo. Depois, numa necessidade aqui no estúdio, sem nenhuma relação com o sketchbook de anatomia, estava sem cola branca e, precisando resolver a questão, utilizei a cola colorida amarela. Pronto. Meus olhos brilharam vendo a luminosidade da cola depois de seca. Terminei a tarefa e combinei cola colorida com os desenhos. Deu nisso aí:

Exercícios de desenho: Anatomia

O grande Mario de Andrade em 1938 escreveu sobre a relação entre O ARTISTA E O ARTESÃO. Matéria riquíssima em seu conteúdo e um incomodar constante, especialmente para quem tem arte circulando nas veias.
Escrevo isso porque facilmente confundimos domínio técnico, virtuosismo e artesanato com arte.
"Artista que não seja ao  mesmo tempo artesão, quero dizer, artista que não conheça perfeitamente os processos, as exigências, os segredos do material que  vai mover, não, que não possa ser artista (psicologicamente pode), mas não pode fazer obras de arte dignas deste nome. Artista que não seja bom artesão, não que não possa ser artista; simplesmente, ele não é artista bom. E desde que vá se tornando verdadeiramente artista, é porque concomitantemente está se torando artesão."
Técnica se adquire no exercício, e só com ele. Sempre estamos aprendendo, sempre estamos exercitando, sempre experimentando. Quando mais eu ando mais me aproximo do horizonte? Será? Penso que quanto mais caminho mais vejo sentido (direção e sentimento) no trajeto.

terça-feira, 25 de junho de 2013

"É tio, eu prefiro fazer assim!"

Não é de hoje que sei que a arte não é feita apenas de teoria. Estudar história e teoria da arte é, pelo menos para mim, extraordinário mas arte não se estuda sem prática. Já viu alguém tocar um instrumento sem exercício, sem prática? Não basta ter "talento potencial". O que chamamos de talento potencial é uma semente, é potência. Semente para brotar é preciso morrer, se abrir, se render. Aprendi isso numa das experiências  que passei com um desses meninos talentosos que gostam de desenhos e me pedem ajuda depois que percebem minha paixão. Sentei com o 'moleque' pedi para ver seus desenhos. Achei, sinceramente achei mesmo interessante os traços dele. Percebi que ele estava com dificuldade de ajustar a proporção dos desenhos à folha de papel. Dei uma dica muito simples:
- Rabisque de leve antes, registrando a ideia do todo e depois faça os detalhes. Ainda tentei ser carinhoso, para não soar como crítica a recomendação básica:
-Você é bom nos detalhes mas guarde com atenção isso. Primeiro o todo e depois as partes, entendeu?
Logo vi em seu rosto um sorriso largo e duas palavras: Claro tio! Depois de ouvir isso desafiei:
-Então, faça um desenho agora! Pode ser?
O pequeno artista se ajustou e danou a desenhar. Você tem ideia de como ele fez? Pois é. Ele fez exatamente como fazia antes, olhou para mim com a maior cara de pau e disse:
-E aí tio, gostou?
-Mas eu não disse para você riscar de leve primeiro dando ideia do todo e depois ir fazendo os detalhes?
-É tio eu entendi mas prefiro fazer assim.
Fiquei impressionado como a coragem do parceiro de artes. Que coragem! Nos separamos e fiquei pensando será que esse menino vai ser desenhista mesmo? Fui perguntar ao pai dele que estava perto de nós, e o fiz discretamente, com que frequência ele desenhava. O pai disse que isso é só quando "dá na telha",  e riu. Lembrando desse episódio e das palavras do professor de acrílica, grande Celso Mathias no percurso de suas aulas me coloquei no lugar do menino só que desta fez resolvi tirar as tintas e os pincéis e exercitar. Sabe o que acontece quanto a gente faz isso? Um horizonte de coloca à frente. E sabe o que penso do horizonte? Quando mais a gente caminha mais rápido ele sai do lugar. E qual é a graça nisso? A caminhada, é claro!


Tinta acrílica sobre mdf 3mm

Louvor = Expressão do coração

Algumas vezes participamos de eventos que tocam nossa alma, afinam com os nossos valores e balizam nossa prática como seres humanos. Ontem à noite e hoje pela manhã foi assim. Ouvir testemunho de gente que a droga rebaixou ao estado de lixo, perdendo toda dignidade humana (imagem de Deus) e que foi restaurada através missão da Cristolândia-SP é como uma gota de esperança nesse mundo. Alguns homens que foram tirados do domínio total que tinham à droga e agora começaram a encarar essa batalha diária de manter-se longe dela. Não há nenhum cuidado e apuro técnico. Estava no culto, observando aquela gente e resolvi pedir emprestadas canetas e papel e comecei a riscar o que tocava o coração e vinha à mente. Não levantei, não fechei os olhos para orar (que sacrilégio!), não levantei as mãos no momento do louvor cantado. Precisava controlar o coração que quase saía pela boca. Desculpe, mas para mim louvo é expressão do coração, meu louvor é feito com traço.

Pixinguinha

Não sou músico e nem sei porque algumas vezes me sinto tão próximo a essa gente inspirada.
Ouvindo "Mundo melhor" da dupla Pixinguinha e Vinícius de Moraes (é mole isso?), resolvi saber um pouquinho sobre o maestro Pixinguinha.
O nome dele era Alfredo da Rocha Vianna Jr. (1897-1973). Os entendidos dizem que ele é o pai da música brasileira. Já vi fotos do elegante ébano com fluta, saxofone e especialmente como compositor do inesquecível Carinhoso.  Fiquei feliz lendo que ele fez arranjos, portanto ele era músico profissional daqueles que aprenderam a ler uma partitura. Ele musicografou, deixou registrado os principais sucessos da então chamada época de ouro da música popular brasileira, orquestrando de marchas de carnaval a choros. E o que dizer de minha surpresa ao saber que ele tocava cavaquinho com 12 anos. Incrível não é? Fico imaginando em 1922 ele indo para uma turnê pela Europa e mistura tudo isso com o Jazz americano que já invadia Paris. Já pensou? Aí, não satisfeito perguntei: ué de onde vem o nome Pixinguinha? Achei. Ele era conhecido como 'Pizindin" = menino bom. Na época o pequeno Alfredo contraiu varíola e essa epidemia foi apelidada de "bexiga". Aí foi só unir "Pizindin + Bexiguinha"= Pexinguinha. Até nisso o cara tem que ser genial? Como não dá, pelo menos em minha caixola, arte e teologia... Fui parar em João, o apóstolo do amor.


O desenho foi feito no sketchbook dentro do ônibus a partir de uma foto em meu celular. Numa dessas noites 'aceso' sob o efeito da cortizona colorizei com lápis e fiz a mancha do fundo em aquarela.


quarta-feira, 19 de junho de 2013

Valiosas bugigangas de paixão

Bugiganga é coisa de pouco valor, quinquilharia, tralha. Chamar material de arte de bugiganga é quase um sacrilégio. Cresci desenhando em papel de pão - a 'bisnaga' era embrulhada num papel cinza - ou em bobina de impressora matricial (êta coisa antiga). É fácil  entender do que estou falando. Diante de que loja você pára quando vai ao shopping? Se gosta de sapatos, sapataria. Se gosta de bolsas... Se não dá pra ficar sem comer... Pois é. A gente que gosta de arte sofre quando entra numa loja de material de desenho. É uma tentação. Fico irritado quando procuro um material e não encontro aquelas lojas maravilhosas que exitem em São Paulo e, especialmente, fora de nosso país. Só me conforma quando penso no extrato bancário porque seria um perigo frequentar esse tipo de estabelecimento nessas condições. Vivo exatamente esse tipo de drama quando faço visita às livrarias. Da última vez em que eu e minha esposa, também apaixonada leitora, visitamos a Livraria Cultura aqui do Rio de Janeiro. Antes de sair de casa combinamos: nada de comprar! Deixe o cartão de crédito em casa.  Já temos uma pilha de livros para ler! Meu Deus que luta!!
E as bugigangas? Chamei carinhosamente de bugigangas esse monte de material que tenho aqui no escritório  e, toda vez que arrumo meu canto de trabalho esses 'inanimados' ficam gritando: Me pega! Me usa! Experimenta! Não me deixe só! Foi por isso que num dia desses catei os maravilhosos papeis coloridos produzidos pela Canson e coloquei num dos sketchbooks. Pensei: eles vão me torturar, desafiar, catucar mas que seja assim. "Pare de se sabotar!" Escrevi na capa do sketch. Assim toda vez em que eu pego esse sketch para rabiscar, lá estão elas. Folhas lindas, coloridas e vazias. No final de semana passado saí com minha esposa para um hotel e enquanto ela fazia alguma atividade independente, o silêncio me aguçou os ouvidos e ouvi. Ouvi um sussurro, quase um lamento vindo das lindas folhas do sketchbook. Atendi. E aí estão algumas dessas páginas cobertas com minhas valiosas bugigangas (cheias) de paixão. As bugigangas: uma caixa de pastel seco (bem 'vagabundinha') e as folhas de Canson mi-tentes com 60% de algodão (chick né?)  e um dos piores fixadores de pintura a pastel (estou doido para que ele termine) que já produziram.






segunda-feira, 17 de junho de 2013

O que é o amor?


"Aquele que não ama não conhece a Deus porque Deus é amor" (1 João 4.8) Então aquele que ama conhece a Deus e sabe que Ele existe. Deus é amor e a manifestação desse amor não cabe em palavras, não dá pra definir. O que é o amo? O amor é a manifestação, as vezes visível, de quem ele procede? Pastel seco sob papel kraft.

O  QUE É O AMOR - Arlindo Cruz
O que é o amor?
Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder
Não sei explicar
Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer, me fez despertar
Me disseram uma vez que o danado do amor pode ser fatal
Dor sem ter remedio pra curar
Me disseram tambem
Que o amor faz o bem
E que vence o mau
Até hoje ninguem conseguiu definir o que é o amor
Quando a gente ama, brilha mais que o sol
É muita luz, é emoção
O amor
Quando a gente ama, é o clarão do luar
Que vem abençoar
O nosso amor

Prá cima Brasil


Fim de semana diferente em muitos aspectos mas em outros, na essência somos o que que somos.
Como não lembrar nesses momentos próximo a natureza preservada, bem cuidada da bela poesia de "Essencia de Deus" do grande João Alexandre. Sair dum jardim e diante da TV, antes do jogo de abertura da Copa das Confederações, observar as manifestações populares outra do João me veio à mente e essa para voltar à realidade da segunda-feira: "Pra cima Brasil!".
Pastel seco sob papel canson pink.

PRÁ CIMA BRASIL!  - João Alexandre
Como será o futuro
Do nosso país?
Surge a pergunta no olhar
E na alma do povo
Cada vez mais cresce a fome
Nas ruas, nos morros
Cada vez menos dinheiro
Pra sobreviver
Onde andará a justiça
Outrora perdida?
Some a resposta na voz
E na vez de quem manda
Homens com tanto poder
E nenhum coração
Gente que compra e que vende
A moral da nação
Brasil olha pra cima
Existe uma chance
De ser novamente feliz
Brasil há uma esperança!
Volta teus olhos pra Deus,
Justo Juiz!
Como será o futuro
Do nosso país?

repouso da bailarina

Fim de semana muito diferente. 
Depois de tanto tempo ir à um hotel sem preocupação com programações, preleções, sem coordenar nada, sem assumir liderança... curioso mesmo.
Curtir a beleza do lugar, o prazer, observar os sorrisos, os gritos infantis...sensacional, diferente. Confesso que tinha até esquecido disso.
Acompanhar quem a gente ama só pelo prazer de estar junto com ela e os amigos de trabalho. Ficar deslocado? Quem eu? Nem pensar... Mas ser humano é, pelo menos penso assim, sempre surpreendente, por isso mesmo fascinante. Crendo nisso, meu plano "B' sempre está à mão. Isso me dá sempre liberdade para ser quem sou e também deixar viver. Se ocorrer ficar de lado, à margem da discussão, do grupo então entendo que fui presenteado com  tempo para eu ler, refletir, desenhar, fazer expurgação interna. Agrupar é outro lado do prazer: conversar,  rir, aprender e desaprender.
Não tem tempo ruim que não esconda poesia...
Deu tempo prá tudo. O meu lugar é onde eu devo estar.
Nos momentos individuais fiz isso: 
Pastel seco sobre papel kraft.




terça-feira, 11 de junho de 2013

Beethoven - painel

Grandes mestres da música











Alguns trabalhos tocam a alma e fazem a gente sentir uma satisfação que não tem palavras para descrever. Esse foi um desses afazeres que transcendeu o campo profissional. Fui, não poucas vezes, explorado financeiramente por esse 'brilho no olhar' e o desejo de me envolver em projetos desse tipo. Cresci, ou pelo menos o tempo passou, e algumas cicatrizes me mostram que não posso perder a paixão, mas é preciso ter cuidado. O Centro de Cultura Musical na pessoa de sua diretora Dra Amelia Cruz, me desafiou a ilustrar o painel para o recital infanto-juvenil das seguintes peças:
Vivaldi- Primavera
Bach- Jesus a alegria dos homens
Heandel- Alegro Maestoso
Strauss- Danibuo Azul
Beethoven- 9ºsinfonia
Mozart- Sinfonia 40 -
Shubert- Serenata
Fiz uma pesquisa sobre cada um dos artistas, catei fotos, aprendi um pouco sobre a vida deles, ouvi as músicas, até aula de geografia para ver onde ficava o tal Danúbio Azul - o segundo maior rio que corta a Europa e nasce na famosa floresta negra - foi uma aula de vida.
Observei que a Folha de São Paulo está produzindo uma bela coleção sobre a história desses músicos famosos e perguntei, logo no primeiro contato, se a escola estava usando o material da referida editora. Eles disseram que tentaram comprar os direitos dos desenhos mas que o projeto não tinha nada com a bela edição. Fiquei animadíssimo com a possibilidade de 'caricaturar' os grandes mestres da música e isso ser utilizado num recital. Perfeito não é? Estamos no processo de conclusão do projeto e logo que a apresentação ocorrer, devo postar as fotos.

sábado, 8 de junho de 2013

Samba e arte medieval?

Conselho

Jorge Aragão

Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal
Agindo assim será vital para o teu coração
É que em cada experiência se aprende uma lição
Eu já sofri por amar assim
Me dediquei mas foi tudo em vão
Pra que se lamentar
Se em tua vida pode encontrar
Quem te ame com toda força e ardor
Assim sucumbirá a dor
Tem que lutar
Não se abater
Só se entregar
A quem te merecer
Não estou dando nem vendendo
Como o ditado diz
O meu conselho é pra te ver feliz

Quarta-feira depois das palestras na X Semana de Estudos Medievais na UFRJ, na condução, refletindo sobre tudo que tinha ouvido, tive que ouvir a ensurdecedora música que transbordava sobre o fone de ouvido de um passageiro. Sem escolha resolvi prestar atenção. Melhorei o humor e, quando cheguei em casa , resolvi desenhar o grande Jorge Aragão.
Só eu mesmo não é? Fechar uma reflexão sobre arte medieval com samba.

Estuda, aprende, lê e vê além

Alguns momentos na vida alimentam nossa alma.
Já faz tempo que ando paquerando à distância a possibilidade de fazer um mestrado em História da arte ou Arte na História. Tenho me aproximado, não sei explicar o motivo, do período medieval.
Me encantam as iluminuras. Fiquei sabendo por meio da professora Andréa Frazão da X Semana de Estudos Medievais, olhei os temas que seriam abordados e resolvi participar de uma das palestras.
Caraca!!
Que Maravilha! Foi como quem vê o mar pela primeira vez. O universo fica imenso, as possibilidades infinitas e aquela sedução de conhecer o mar...
As duas palestrantes foram brilhantes, a linha de estudos sedutora.
Uma delas, Dra Vania Leite, estuda as imagens do chamado LIVRO DE HORAS e a outra, Dra Maria Cristina as iluminuras da Biblia de Saint-Bénigne de Dijon.

Fascinante como alguns conceitos dentro da cultura medieval não se ajustam aos nossos. Ornamento  não é enfeite, adorno ou decoração. Exemplo disso: As armas são, naquela perspectiva, os ornamentos do guerreiro. Não é um simples enfeite é, na realidade, o que o caracteriza, o que dá sentido e se torna ferramenta."

"A IMAGEM É A SÍNTESE DE TODO ESTUDO E PROCESSO. A IMAGEM É A ASSINATURA A ESSÊNCIA VISUAL DO CONTEÚDO ADQUIRIDO"