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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Releitura livre do Salmo 19

Olhe para o céu e veja! A beleza do céu mostra a grandiosidade,
a obra extraordinária das mãos de Deus, este grande Artista.
Ele elaborou, organizou e realizou tudo que existe.
Cada dia é totalmente novo e mostra essa dinâmica peculiar
e criativa a outra manhã, de forma completamente diferente
da anterior. Mais interessante ainda é como acontece a mesma
coisa com a noite. Não há repetição. Nada é monótono.
O Senhor Deus não fica por aí ‘tirando onda’, nem fazendo discursos
para mostrar sua magnitude, suas habilidades, sua virtuosidade artística.
Repare. Repare bem. O que ele faz atesta quem ele é.
Esta beleza está presente em todos os lugares do mundo.
Ele, o Senhor, faz com o céu como um pintor quando prepara seu
material para desenvolver seu ofício. Algumas vezes parece que o
céu é uma pintura que deseja destacar o brilho do sol, outras vezes,
a cor é tão aconchegante e deslumbrante que parece com o desejo
de um noivo apaixonado correndo ao encontro de sua amada.
Deus tem alegria em se revelar a todos os habitantes da terra.
Ele vai mostrando a sua arte de um extremidade a outra do
mundo criado. Vai embelezando a terra como o trajeto de uma
estrela cadente que vai desenhando sua curva no céu.
Nada escapa ao calor de seu amor através da arte que Ele faz.
A Palavra de Deus revelada, de forma inteligível, é perfeita e renova as forças.
Os registros dEle são como as pinceladas que vemos no quadro enquanto está
sendo pintado. Não assimilamos porque o pintor ainda está no processo e a pintura
ainda não está pronta. Mesmo sem entender, isso alegra meu coração.
Estou seguro porque o  que Ele diz é digno de confiança. Sua obra faz os grandes
artistas que marcaram época parecerem inexperientes.
E o que Ele diz é tão claro e tão poético que a gente se surpreende porque
estava tudo diante dos nossos olhos e não percebíamos poesia naquilo.
O que Ele ensina vale para vida. Esses ensinos não têm preço e, nem todo dinheiro
do mundo poderiam pagar. A Palavra dEle transforma a vida em prazer.
Eu gosto tanto que pareço criança dentro de uma casa de doces.
Lembro de seus ensinos e penso: que satisfação grande! Que recompensa é saber e obedecer!
No fundo me pergunto: quem pode perceber seus próprios erros?
Vou logo pedindo desculpas por que muitas coisas ainda não sei.
Viro pra ele e digo: Senhor, grande artista, peço que me ajudes e me ensines,
Alguns traços que faço já viraram mania e não quero que eles me dominem a ponto
de não aprender. Mas, se eu conseguir seguir seus ensinos, sei que ficarei mais
parecido contigo e bem mais distante dos enganos de uma obra inconsistente.
Como eu desejo que tudo que eu fizer agrade ao Senhor.
O Senhor Deus, este grande artista, é quem me enche de esperança,
me oferece estabilidade e me valoriza mesmo sabendo quem eu sou.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Semana de Artes Hans Rookmaaker 4 - Tartarugas Ninja


Quem nunca viu, ou pelo menos não ouviu falar dos Tartarugas Ninja?
Os autores Levin Eastman e Peter Laird, fãs confessos de Frank Miler, escolheram os nomes de seus personagens inspirados nos grandes artistas do período chamado de Renascimento. Leonardo, inspirado no pintor da Mona Lisa, é o líder. Raphael é bruto e forte, Michelangelo é engraçadinho - o que é o oposto do pintor e finalmente, Donatello que é o gênio do grupo dos Tartarugas é o escultor da leveza.
Pintores famosos autores das imagens mais icônicas da Renascença, não por acaso, apresentam e desenvolvem a estrutura de seus quadros sob o estudo da perspectiva, a exuberância representação da figura humana e a ilusão de mergulho no ambiente emolduram a construção do quadro. 
É fundamental registrar que este o período marca o deslocamento de foco. Deus que era o centro de tudo - teocêntrismo - na idade média, agora perde espaço para o ser humano que passa a ser o eixo de tudo - antropocentrismo.
Voltando às Tartarugas Ninja, vale lembrar que o início do enredo dos Tartaruras Ninja mostra a tentativa de salvar um cego prestes a ser atropelado por um caminhão. Nossos heróis, assim como os artistas 'redimem' o homem cego da ignorância e no mundo mergulhado em trevas - Idade Média. Livrar o cego, o ignorante, da morte, das trevas, da escuridão faz deles - tanto os Tartarugas Ninja quanto os artistas -heróis. Curioso isso, não é?

Os Reformadores, contemporâneos dos grandes artistas que inspiram os Tartarugas Ninjas, também lutam pela 'iluminação' e letramento de todos. Fazem isso estimulando o acesso à leitura do texto bíblico e à valorização da humanidade. Livre acesso à leitura, ao exame, à reflexão e ao questionamento 'das amarras cegas' que estavam sob o discurso de controle da igreja.

Gênios contemporâneos, só falando da arte e da Teologia:
Os artistas:
Donatello 1386-1466
Leonardo da Vinci 1451-1519
Michelangelo1475-1564
Raphael 1483-1520

Os Reformadores:
Martinho Lutero (1483-1546) - Alemanha
Zuinglio (1484-1531) - Suécia
João Calvino (1509-1564) - Genebra

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Semana de Artes Hans Rookmaaker 3 - Arquitetura

Já disse, em postagem anterior, que historicamente os protestantes dedicaram maior atenção à música e à literatura. Creio que fizemos isso por questões históricas e retóricas. Se a Reforma defendia o Sacerdócio universal dos crentes então, nada mais justo do que oferecer acesso à leitura e a expressão artística musical para todos? Interessante, na realidade intrigante para mim. Delicioso exercício esse de tentar 'montar um quebra-cabeças', observar onde as peças, as informações sobre a Reforma, ligadas à Teologia se ajustam às leituras, aos estudos sobre a História da Arte. Este tempo da Reforma era o período das imensas catedrais Góticas. A arte gótica foi um marco da inovação e foi chamada de opus modernum (trabalho moderno). O desenvolvimento, o domínio científico na arquitetura. A arte gótica foi um marco da inovação e foi chamada de opus modernum (trabalho moderno). É surpreendente como o desenvolvimento científico faz parceria com a arquitetura. Muita técnica e aguçada sensibilidade fizerem com que esses artistas do concreto conseguissem 'rasgar' as paredes colocando naqueles vãos imensos vitrais multicoloridos. As janelas servem de caleidoscópio refletindo os pedaços de vidros coloridos oferecendo luz e esperança aos que sentiram o peso do esmagamento, teologicamente o peso do pecado.  Há esperança! Há Luz! Há humanidade! Há graça!   Triste lembrar que em vários momentos, nesse período da história, ocorreram destruições em massa de monumentos e obras de arte medievais por conta da questão iconoclasta. O ser humano não vive sem arte. Mesmo depois de tanto tempo, mesmo envolvido em tantos estímulos sensoriais continuo crendo que é impossível entrar numa catedral, como a do Rio, a de Brasília, a da Sé, em São Paulo, sem vivenciar um pouquinho que seja, desse sentimento de pequenez, de esmagamento. Um fragmento de consciência, um espaço de reverência e silêncio diante do monumental, do imponente, do majestoso. Entrar numa catedral é ser impelido a calar, a curvar-se, é um convite a olhar para dentro, é uma chamada à oração.

 Rosácea Notre Dame, por fora
Rosácea Notre Dame, por dentro

Semana de Artes Hans Rookmaaker 2 - A Música

É claro que você já percebeu como 'gente crente' gosta de cantar, não é? Duvido que você nunca tenha experimentado a sensação de estar 'pisando em nuvens' quando uma bela música é executada. E o que dizer quanto você pode cantar junto? Quando cantamos, de certa forma nos envolvemos nessa experiência sensitiva. A Reforma ofereceu a possibilidade de 'migrarmos' de Arte. A Reforma, sob a perspectiva das Artes, marcou logo de cara a diferença da 'nova proposta' e da antiga. Os templos da Igreja Reformada eram vazios de imagens. As imagens além de embelezar tinham uma função didática, e agora? As pessoas não liam, você lembra disso. Exatamente por isso a Reforma 'trocou' as belezas da pintura pelos discursos inteligíveis, inflamados, didáticos e poéticos - antes eles eram falados em Latim, agora passaram a ser proferidos na língua do povo. Mas a expressão artística não ficou só na fala, o que de certa forma acontecia na liturgia católica. Os cultos, da 'nova igreja' uniam a letra, baseada nos textos bíblicos e a exuberância musical para louvar e aprender as 'verdades reveladas'. O destaque maior é que isso era feito por meio do canto congregacional - todos com acesso à Palavra, todos com a possibilidade de expressão. Extraordinário não é? E o que dizer quando ficamos sabendo que o grande compositor desta época era nada menos do que o genial Johann Sebastian Bach?
Não vivemos sem arte, mas... Qual o papel das artes nesse 'mundo'? E como fica o coração do artista com tudo isso? É o que vamos conversar, discutir e provocar com o tema: O CORAÇÃO DO ARTISTA na Semana de Artes Hans Rookmaker 2015.
Você já ouviu falar que o Johann Sebastian Bach, no final da vida, assinava suas composições com as iniciais SDG (Somente a Deus a Glória)? https://www.youtube.com/watch?v=8i3GqyPgxgI

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Semana de Arte Hans Rookmaaker 1- Van Gogh

Você sabia que Vincent Van Gogh era filho de pastor?É verdade. O cara não começou 'cortando orelha'. Você sabia que ele trabalhou como missionário de forma tão intensa que chegou a ser 'convidado a sair' porque se 'identificava demais' com os trabalhadores das minas de carvão, os 'comedores de batatas'?Qual o papel das artes nesse 'mundo'? E como 'funciona' o coração do artista?É o que vamos conversar, discutir e provocar com o tema:O CORAÇÃO DO ARTISTA na Semana de Artes Hans Rookmaker 2015.Não há nada mágico saber que Vincent era de uma família de confissão protestante. Quase toda família holandesa, nessa época, era impactada com a pregação que começou no século XVI na Alemanha, Suíça, França e Países Baixos. A Holanda foi, por conta do teólogo Erasmo de Roterdã, um berço do calvinismo desde a década de 1560. Nesta época os chamados Países Baixos eram parte do Sacro Império Germânico e estavam sob o domínio da Espanha durante o reinado do imperador Carlos V. Algum tempo depois esse ambiente reformado resultou na revolta contra a tirania espanhola e a luta pela plena liberdade religiosa liderada pelo alemão Guilherme de Orange. O resultado foi a divisão dos Países baixos em três nações: Bélgica e Luxemburgo (católicas) e Holanda (protestante)Vincent van GoghA pintura é A Cabana - Vincent Van Gogh (1885) nesta cabana residiam duas famílias, uma das quais os De Groots, representados na obra Os Comedores de BatatasA 'terra de Van Gogh' foi marcada pela história protestante especialmente depois dos conflitos da chamada Gerra dos Trinta Anos que fixou definitivamente as fronteira político-religiosas na Europa.O trabalho do artista é sempre fruto de sua época. Nessa dimensão é que aproximo artista e profeta. É impossível desconectar um do outro. Não há magia! Não há melhor fonte de inspiração do que a vida. A vida inspira, angustia, faz pensar e se transforma em expressão.


'Os pescadores sabem que o mar é perigoso e a tormenta terrível,
mas este conhecimento não os impede de lançar-se ao mar'


https://www.youtube.com/watch?v=uHb7T_01BQA