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terça-feira, 25 de agosto de 2015

O 'vocalize' das artes plásticas

Hoje completei todas as folhas de mais um sketchbook.
O curioso é que tenho alguns que foram deixados de lado mesmo com folhas em branco. Por quê? Sei lá! Encheu o saco, virou a folha do calendário, passou a fase, não sei. Não tem mesmo explicação. Alguns deles, depois de um tempo, fico com vontade de retomar e completar. Mas, vamos deixar isso pra uma outra postagem.
Hoje completei todas as folhas desse sketchbook e, não por acaso, lembrei dos tempos em que ensaiava no coral da faculdade. Cantei em vários grupos na igreja, participei de cantatas de natal, mas aquele grupo coral do Bennett era muito mais 'profissa'. Além disso, minha volsa como estudante, estava atrelada aos ensaios e não as apresentações. Achava isso curioso, mas logo que comecei a ensaiar, entendi que ensaio ali era uma outra atividade. O nome era o mesmo mas a formatação, o envolvimento, a seriedade eram bem diferentes. O regente era um 'cara' pra lá de competente e o repertório desafiador. Cantamos MPB, Clássicos Corais na língua original e arranjos folclóricos. A presença era assinada no momento do tal 'vocalize'. A regra era: sem vocalize, sem ensaio. Sem ensaio, sem presença. Sem presença, sem bolsa.
Vocalize é o 'aquecimento' das cordas vocais que ocorre quando cantamos. A maioria das vezes ele é feito sem pronunciar palavras. O mais sedutor é ir passeando pelas notas, pelas escalas. É irmos de uma nota grave e fazermos a trajetória até chegarmos aqueles tons mais agudos. E quando o Sidney, o regente, misturava os naipes? Que coisa linda que ficava. A gente terminava o vocalize 'doidinho' para cantar. Eu notava com extrema clareza as mudanças de timbre e os tais 'registros vocais'.
Posso estar cometendo uma heresia mas creio, que um sketchbook é bem parecido com o tal vocalize. A gente 'rabisca' sem compromisso com a aprovação do cliente. No sketch dá pra experimentar a tessitura do traço, dá para observar o enquadramento incomum, deixar fluir sem 'briefing'. É experimentar a encomenda do coração! Fazer ou não é escolha pessoal.



















sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Um 'moleque grande' na Escola Pública


Ontem, 11 de agosto, vivi novamente um momento desses. Desta vez o desafio foi durante todo dia. Larguei o escritório e fui 'rabiscar' com as crianças. Meu Deus que dádiva!! O dia inteiro na Escola Municipal Poeta Mario Quintana, em Jacarepaguá. Em parceria com a Editora Jovem, convidado pelo autor Alcides Goulart, revivi o tempo bom de 'moleque da escola pública'. Algumas vezes via alguns como se estivesse diante de um espelho, um espelho do tempo. Sensacional ver uma escola onde as coisas funcionam. As crianças tem limites, o espaço é comunitário e a vocação-habilidade de cada professor fica evidente. Parabéns a professora Regina Coeli Blunk Mafioleti e toda equipe da Sala de Leitura. Cansativo, muito cansativo mas extremamente estimulante.





























sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Oração de pai

"Papá", normalmente, é a primeira expressão fonética de uma criança.
As mamães que me perdoem, mas é fácil relacionar este balbucio com a palavra papai.
Pai, num primeiro momento, é o ‘estranho’ na relação tão íntima entre mãe e filho.
O ‘estranho’ vai se identificando e se transformando em ícone da ‘Lei’.
A Lei é estranha mesmo. É um conceito moral, uma construção social.
Mas pai é mais, muito mais do que um ‘ícone de Lei’.
Pai é, também, muitas vezes, ‘simbolo de força’.
Na perspectiva do filho, a ‘força’ está do lado de fora.
Sob a ótica do pai, a força é esse poder que traz para perto, que carrega no colo, que abraça, ao mesmo tempo a mãe e o filho. A força transforma o estranho em entranha.
A grande força está dentro. Força vira motivação. Motivo e ação. Trabalho e realização.
Tudo muito lindo no conceito, no discurso.
Pai é, na verdade, um menino que se transformou em homem.
Pai é muito mais do que um homem que reproduziu.
Pai é um menino que cresceu e não esqueceu.
Por isso pai, pai de verdade mesmo, é o homem que preserva o menino.
Aí brinca, ri, chora, grita, teatraliza, compete, corre, risca, canta, conta, toca...
Pai é referência sempre.
Referência para o bem e para o bom. Referência para o mal e para o mau.
Tenho medo disso e oro: Pai nosso. Logo lembro que Jesus nos ensina a chamar Deus de pai.
Isso aumenta a coragem, mas não anula completamente o medo.
Só com o amor do Pai, só nos braços do Pai, lanço fora o medo.
A lei se converte em graça, a força em ação e oração:
Pai, renova a consciência de que as palavras sussurram e a vida grita.
Pai me ajuda a ser pai.


Foto de Solmar Garcia