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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Histórias que Jesus contou 3

Jesus gostava de contar histórias.
Para ocupar a quarta capa da revista Sorriso, fiz esta série de ilustrações destacando a cada trimestre uma das histórias contadas por Jesus.

Creio que para refletir sobre elas devemos ler o texto indicado e procurar algumas respostas:
Para quem a parábola foi contada?
Porque a parábola foi contada?
Qual é a moral da parábola?
Existe algum ponto culminante na parábola?
Alguma interpretação é dada na passagem para a parábola?





sexta-feira, 12 de junho de 2015

Sem prisão de ventre!

Artista não deve ter constipação intestinal.
Os médicos dizem que todos os humanos conscientes já tiveram, pelo menos uma vez na vida, dificuldade de expelir excrementos.
Essa dificuldade de defecar é, segundo os especialistas, difícil de ser diagnosticada.
Difícil porque o espectro de tempo, o limite de frequência rotulada como 'normal' é extremamente dilatado. A pessoa pode defecar três vezes por dia e até, pasmem, três vezes por semana, que está dentro da relação considerada 'normal'. É o costume na produção das fezes que vai apontar o primeiro passo para o diagnóstico.
É constrangedor falar desse assunto? Então, vamos 'costurar' a metáfora.
Quando dizemos que uma pessoa está 'enfezada', o que estamos dizendo?
Freud levou isso muito, muito a sério. É claro que você já ouviu falar de uma das fases do desenvolvimento psicossexual, a chamada 'fase anal'?
Nesta fase a criança tem sensação de prazer na excreção. Durante este estágio a criança começa a desenvolver a capacidade de exercer poder sobre a retenção das fezes. Segundo Freud o controle esfincteriano oferece poder sobre o corpo e autonomia do sujeito. Aqui é que o controle, os limites são experimentados no corpo da criança. Ela passa a sentir prazer com uma produção totalmente sua por mais 'feia e nojenta' que seja.
E o que o artista tem com isso?
Artista deve, como uma criança em desenvolvimento, ultrapassar essa fase 'nojenta'. 
É necessário ter coragem e consciência.
Coragem de enfrentar o que foi processado. Coragem de enfrentar o 'eu' e o 'não eu'. Não dá pra 'viver copiando'. É claro - todo mundo sabe disso - que a cópia é um estágio do aprendizado técnico. Mas, não se iluda, ser artista ultrapassa essa história de 'copiou certinho'. Também é preciso perceber que o não fazer, o não produzir vai te deixar 'enfezado'. Você é artista quando constata que não dá pra viver sem arte. Igualmente é fundamental decidir e enfrentar o que está sendo digerido e os 'valores' do processante. Será esta a razão de todo artista ser um incomodado? Artista, artista mesmo, não se acomoda, não quer entrar no molde e decide não acumular, não guardar, não reter, não prender e assumir. Mas, para que isso ocorra, é preciso crescer. Crescer é ter coragem de dizer: 'é feio, mas é meu!". Só quem cresce e reflete pode admitir: 'é feio'. Só quem cresce e reconhece diz: 'é meu'.
Este é um processo contínuo. Que angústia olharmos as referências, observarmos as obras de grandes artistas, sermos tocados pelas expressões e qualidade das obras! Angústia, na realidade, é compararmos a memória encharcada dessas imagens ao que produzimos. 'Que merda!" É exatamente aqui  que nos apequenamos, nos limitamos às cópias e não damos direito ao processamento interno - isso é prisão de ventre! É claro que é preciosíssimo o domínio da técnica - todo artista é um artesão. Está bem longe do conceito de 'artista' aquele que não produz, mesmo com o pouco que tem. Até mesmo os 'gênios' dizem que 'nunca se aprende tudo, em termos técnicos'. Devo confessar que não conheço nenhuma 'fera das artes' que não continue fazendo, aprendendo, refazendo para aprender.
Quero me propor a fazer e aprender. Aprender e perceber que existe muito mais a descobrir. Desejo ter coragem de enfrentar a realidade 'é feio, mas é meu!".Também, por isso, gosto do que Pablo Picasso afirmou: 

"Toda criança é um artista. O problema é como manter-se artista depois de crescido."

Que ilustração melhor que Marcel Duchamp e sua 'A fonte',1917