Fale conosco:

tracooriginal@uol.com.br

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Valiosas bugigangas de paixão

Bugiganga é coisa de pouco valor, quinquilharia, tralha. Chamar material de arte de bugiganga é quase um sacrilégio. Cresci desenhando em papel de pão - a 'bisnaga' era embrulhada num papel cinza - ou em bobina de impressora matricial (êta coisa antiga). É fácil  entender do que estou falando. Diante de que loja você pára quando vai ao shopping? Se gosta de sapatos, sapataria. Se gosta de bolsas... Se não dá pra ficar sem comer... Pois é. A gente que gosta de arte sofre quando entra numa loja de material de desenho. É uma tentação. Fico irritado quando procuro um material e não encontro aquelas lojas maravilhosas que exitem em São Paulo e, especialmente, fora de nosso país. Só me conforma quando penso no extrato bancário porque seria um perigo frequentar esse tipo de estabelecimento nessas condições. Vivo exatamente esse tipo de drama quando faço visita às livrarias. Da última vez em que eu e minha esposa, também apaixonada leitora, visitamos a Livraria Cultura aqui do Rio de Janeiro. Antes de sair de casa combinamos: nada de comprar! Deixe o cartão de crédito em casa.  Já temos uma pilha de livros para ler! Meu Deus que luta!!
E as bugigangas? Chamei carinhosamente de bugigangas esse monte de material que tenho aqui no escritório  e, toda vez que arrumo meu canto de trabalho esses 'inanimados' ficam gritando: Me pega! Me usa! Experimenta! Não me deixe só! Foi por isso que num dia desses catei os maravilhosos papeis coloridos produzidos pela Canson e coloquei num dos sketchbooks. Pensei: eles vão me torturar, desafiar, catucar mas que seja assim. "Pare de se sabotar!" Escrevi na capa do sketch. Assim toda vez em que eu pego esse sketch para rabiscar, lá estão elas. Folhas lindas, coloridas e vazias. No final de semana passado saí com minha esposa para um hotel e enquanto ela fazia alguma atividade independente, o silêncio me aguçou os ouvidos e ouvi. Ouvi um sussurro, quase um lamento vindo das lindas folhas do sketchbook. Atendi. E aí estão algumas dessas páginas cobertas com minhas valiosas bugigangas (cheias) de paixão. As bugigangas: uma caixa de pastel seco (bem 'vagabundinha') e as folhas de Canson mi-tentes com 60% de algodão (chick né?)  e um dos piores fixadores de pintura a pastel (estou doido para que ele termine) que já produziram.






Nenhum comentário:

Postar um comentário