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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Coração do Artista 3

O coração do artista (parte 3)
Palestra para Semana de artes Hans Rookmaaker da Primeira Igreja Batista Jardim Novo Realengo, RJ

Defendo a ideia de que o artista, o poeta se parece com o profeta. Poeta é aquele que processa o mundo e o transforma em produção artística e esta produção estimula a reflexão, o pensamento. Poeta da música, da pintura, da literatura... e o profeta é quem olha para o seu tempo e denuncia o que vai acontecer se continuarem aquele caminho. O ponto em comum é que ambos enxergam seu tempo e apontam para uma mudança, uma ‘metanoia’. Meta (além de)+ nous (pensamento, intelecto) no seu sentido original, significa mudar o próprio pensamento, mudar de ideia. Seria a mudança do que um indivíduo está vivenciando para um novo modo de viver.
Platão disse que, quando o poeta está realmente sendo poeta, ele está ‘inspirado’, ‘possuído’. Com isso, ele pretendia dizer que o poeta recebeu um ‘sopro divino’, pois a palavra em do Latim IN (em)+SPIRARE (respirar). Já o músico J. S. Bach, por sua vez, dizia que o principal para fazer uma obra de arte era o trabalho, mais di que a inspiração. Esse entendia de fazer arte.
Voltando ao paralelo entre profeta e poeta, pensemos no profeta Jonas, por exemplo. Ele foi chamado para pregar Nínive era a capital do país inimigo, dos odiados oponentes, dos ameaçadores. Deus manda Jonas ir pra lá para profetizar e pregar o arrependimento. O profeta não quer mas vai. Como sabemos disso? Sabemos pelas atitudes de Jonas. O que ele faz denuncia o que ele sente. Ele prega com muita má vontade e, por incrível que pareça, todos, inclusive o rei, se arrependem. O que o profeta diz? Ele afirma: eu já sabia! Deus seu caráter perdoador ‘quebraria o galho’ desse povo mau. O profeta fica triste se recolhe e tem a experiência da aboboreira. Naquela experiência, mais uma vez, Deus mostra ao profeta como ele age. Entendeu Jonas? A mesma coisa acontece com os demais profetas. Ele olha a atitude do seu povo e usa a orientação divina para mostrar o que está dando errado e vai ter consequências. O artista faz o mesmo. O artista é, assim como o profeta, qualquer um do meio do povo que se dispõe. Que é sensível à realidade de seu tempo, de sua vida e não aguenta de desejo de expressar isso de alguma forma.
Permitam-me, por favor, entrar aqui com a teoria de  Howard Gardner, desenvolvida na década de 80 por uma equipe de investigadores da Universidade de Harvard. Segundo esse pesquisador existem nove tipos diferentes de inteligências. A inteligência Lógico-matemática, a Línguística, a Musical, a Espacial, a Corporal-cinestésica, a Intrapessoal, a Interpessoal, a Naturalista e a Existencial. E dai? Você deve estar me perguntando, não é? Daí que é muito bom uma teoria afirmar o que o senso comum já dizia com ‘cada um dá o que tem’, ou ‘ninguém é bom em tudo’. É o famoso ‘ninguém é burro de tudo’. Se não é burro de tudo também não é inteligente de todo. Por isso temos gente muito boa da linguagem matemática. Deve ter alguém bom nisso aqui, não é? Tem gente que gosta de números!! Tem gente que parece que nasceu ‘sacolejando’, não é mesmo? Outros falam com uma facilidade se expressam de maneira tão clara. Dizemos que isso é inato, que é talento. Artista é gente que tem talento.

Talento me faz recordar uma história contada por Jesus. Trabalho de casa: ler o texto de Mateus 25. O evangelista dos judeus registra que o Senhor compara o Reino a um senhor que distribui talentos. Todos ganham talentos para administrar. Na história os talentos são do Senhor. Talento é o nome de uma antiga moeda grega que representava 6000 denários/drácmas. Isso dá quase 17 anos de uma diária de um trabalhador. Você conhece a história. O que recebeu cinco entregou mais cinco. O que recebeu dois mais dois e o que recebeu um devolveu. Creio que damos muito destaque ao ‘grangear’ das versões antigas ou do ‘pão duro’ que enterrou o talento. Mas tem a dimensão do comportamento do dono da riqueza. Aos dois primeiros da história, você lembra o que ele disse? Entra o gozo do teu senhor. Sejam meus sócios, meus parceiros. O outro não faz por medo e não faz porque tem uma visão errada o senhor. Ele acha que o ‘senhor colhe onde não semeia e ajunta onde não espalha’. Este, segundo o autor, coloca o senhor como explorador injusto. Visão equivocada a quem foi confiado 17 anos de trabalho de um diarista. Talento é dádiva, ou melhor empréstimo. Empréstimo? É isso mesmo. O poeta, o artista bíblico afirmou que ‘Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem;’ Sl 24:1

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