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quarta-feira, 11 de março de 2015

É como quem termina de ler um livro bom

Ilustrar é tornar ilustre, tornar compreensível, é dignificar, é tornar nobre.
Ilustrar um livro é recontar a história com imagens para ser publicado.
Ilustrar é mergulhar apaixonadamente na história. Mas ilustrar é também limitar.
Limitar o olhar do espectador para o ponto de vista, a perspectiva, a emoção do autor da imagem.
Ilustrar também é relacionar-se. Existe a relação com o texto. A relação com o autor. A relação com o conceito... Ilustrar é muito mais que desenhar. Desenhar é configurar, é retratar, é representar e descrever por meio de imagens e nem sempre tem relação com um texto. O desenho, numa ilustração é distinto, é único. Desenho é boca, palavra, expressão. Recontar é muito mais que descrever o escrito. É reescrever com outras palavras, no caso do desenho, com outra linguagem. Ilustrar é também fazer dialogar texto e imagem. Cada novo trabalho de ilustração é uma oportunidade de viver essa paixão, essa angústia, esse dilema. É um 'baita' prazer! Sempre cresço. Sempre aprendo. Relações enriquecem.
Acabei de entregar um livro super poético, sensível e desafiador escrito pela Marcia Corrêa Barros. O original era para ter o miolo com 24 páginas e acabou 'dando cria', por conta das imagens, indo para 32 páginas. Coisa boa é quando a gente receber clientes e perceber a relação se transformando em parceria. Parceiros constroem juntos, parceiros algumas vezes voltam. A MENINA QUE NÃO SABIA SORRIR é o segundo livro da Marcia que tenho prazer de ilustrar.
O sentimento agora, que entreguei o original para última prova, é como o de quem termina de ler um livro bom. 'Mesmo triste a gente fica feliz. 'Sempre fico triste quando termino. Desejo fazer novamente, refazer, reviver. Esta é outra diferença entre desenho e ilustração: o compromisso profissional com prazo, preço e outras questões administrativas.
Adorei desenvolver a experiência de pintar com aquarela sobre papel reciclado 230g - relação no nobre - (Winsor & Newton importado e do pobre papel reaproveitado). Desculpem os puristas, amo fazer essas 'traquinagens'. A experimentação me 'rendeu' algumas horas além, mas não me arrependo. Aí estão algumas das imagens em sketch que não serão publicadas e outras que estão no livro.O livro será lançado no mês de maio.




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