Fale conosco:

tracooriginal@uol.com.br

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Sublimar, triturar, expelir?

O trabalho de um apaixonado por arte, qualquer que seja a linguagem, é solitário. A gente parece um liquidificador, ou para os mais novos, um processador de alimentos. Estamos abertos para receber tudo a nossa volta. Trituramos, amassamos, picamos tudo dentro da alma e apresentamos uma 'mistureba' desse material selecionado. Divino?! Não há nenhum excepcional milagre nisso. Humano. Muito humano, muito próximo. As angústias, as dores, a convivência, a carência, a impotência. Todo ser humano faz esse 'processamento'. O que diferencia o artista é que este transforma, ou tenta materializar, em imagem, sons, palavras, movimentos, volumes, cores. Nós vivemos (estou nessa gente!) um misto de angústia e prazer. Angústia porque toda expressão é traidora da verdade dessa mistura. Ninguém consegue ser fidelíssimo à representação. E o prazer? O prazer para o artista está no processo, no fazer. É o prazer de gritar hora do gol, de xingar o juiz,  de 'botar pra fora". Por isso a arte é catártica  Esse processo de trazer à consciência as emoções ou sentimentos para que ele seja capaz de se liberar das consequências - como defende a psicanálise - ou a ação de evacuar os intestinos (fazer 'M') como diz a medicina, tudo isso é terapêutico. Tudo está no campo humano. Fazendo arte a gente sublima. Sublimar é tornar sublime, exalta, engrandecer. A arte sublima as paixões. E sublimar também é purificar, expurgar a imperfeição, a impureza. A arte sublima os sentimentos.
Daí meus devaneios. O artista parece um profeta. A arte é um 'cura d'alma' à nossa disposição. O louvor do artista é sua arte. E o divino? Divino é "o totalmente outro", como dizia Karl Barth. É exatamente aqui, nesse diálogo com o que está além da compreensão que a consciência "pira". Essa busca de respostas no terreno transcendente nos 'cutuca' a fazer, a transformar, a dominar e paralelamente nos impulsiona para o perfeito, nos atrai para Deus. O humano denuncia a presença do Divino, o imperfeito do Perfeito, o limitado do Eterno.
Quer exemplo melhor que Guernica?



Um comentário:

  1. Como disse Paul Klee: A arte não reproduz o visível, ela torna visível.

    Como o verbo se fez carne, a imaginação se tornou realidade através da arte.
    Pra mim, o artista mesmo quando não torna real, vê além do normal. As vezes profeta, as vezes agente do caos, as vezes cura, as vezes destroe. Como Picasso, que contruía para depois destruir.
    A arte purifica, mas assim como os remédios curam, alguns tem tarja preta...

    ResponderExcluir