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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Desenho adeus a Rubem Alves

Estou de luto. Com a morte a gente não de conforma. Na morte a gente se consola. Neste caso meu consolo se transforma em gratidão. Rubem Alves é daqueles autores que conversava comigo.Seus textos me faziam passear. Passear e ver, ver e refletir, refletir e desejar viver para observar melhor a vida. Rubem não escrevia, pontuava. Rubem Alves me parecia um parente querido, meio tio, meio avô. Algumas vezes me sentia sentado no chão da varanda ouvindo sua voz grave, propondo reflexões profundas... outras vezes me tomando na mão, me levava para sentir gotas de chuva ou cheiro de mato. Quantas passagens em seu quarto de badulaques, seus jardins... Me consolo agradecendo. Minha gratidão a Deus pela intimidade tão distante, pela magia das palavras que me conduzem ao utopia e me trazem à humanidade. Minha gratidão pela paleta com múltiplos tons de esperança na educação. Minha gratidão as caraminholas que conduzem a um Deus que vai além (transcendente) e ao mesmo tempo tão próximo (imanente). Hoje fiquei pensando porque estou tão triste se nem conhecia Rubem Alves pessoalmente. Ai lembrei de um sepultamento em que meu amigo disse: quanto mais próximo mais sofrimento. Acho que é isso. Me fiz próximo, muitas vezes olhei com os olhos de Rubem Alves. Fiz o desenho ontem, mergulhado na intercessão. Comecei pensando fazer um desenho em aquarela pela leveza, a luz refletida que a técnica propicia. Não consegui. Aquarela é tinta diluída em água e meu coração já estava marejado. Agarrei a sanguíniea (um espécie de lápis-giz vermelho) e fui esfregando, como quem sofre, como quem grita, como quem clama. Defendo, e não é de hoje, que poetas são parecidos com profetas. A Beleza é mesmo divina!! Muito obrigado Senhor pelo Rubem Alves!!

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