Fale conosco:

tracooriginal@uol.com.br

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Flores no papel


Hoje completo vinte e quatro anos de casado com a minha querida esposa. Quando começamos a namorar, já éramos amigos, tentei fazer 'uma média' e comprei um buquet de flores do campo. É claro que de forma muito educada, como ela sempre foi, ela sorriu, agradeceu e passou o arranjo floral para sua mãe. Minha futura sogra, nem tinha ideia disso naquela época, vibrou. Ela olhou o detalhe do arranjo, reparou que eu havia pedido para inserir uma florzinha pequena e de um colorido vermelho bem marcante. Reparou que não havia encomendado as flores num lugar qualquer e tal e coisa. Olhei para minha namorada que a esta altura já estava rubra de vergonha. Desconversamos... Entrei em sua casa e quando  vi seu quarto pela primeira vez e logo percebi que tinha errado na avaliação. Marilia não era uma menina comum, Em sua imensa estante toda coleção da Agatha Cristie, Julio Verne, Monteiro Lobato, e no meio, acima do piano alguns de seus livros de música. Delicadamente puxei assunto sobre Monteiro Lobato, vi que ela havia lido os livros e aí então perguntei se aqueles livros eram dela mesmo. Ela se animou muito e foi me contanto qual o livro que  havia lido primeiro. Até hoje conversamos sobre literatura e autores, apreciamos grandemente ir às livrarias e nos envolvemos com livros de todo tipo. Namoramos durante cinco anos e desde então deixei de comprar flores para minha querida namorada. Se tenho que dar um presente a primeira opção é um romance. Dia desses ela me surpreendeu mais uma vez. Mulheres são incríveis, elas sempre nos surpreendem. Ela, carinhosamente, falou: num dos seus estudos, suas 'aquarelinhas', se você se sentir motivado, pinte umas flores para eu ver. Aí, naquela mesma noite pintei essas duas aquarelas.

Pintar flores, para mim, é um execício pra lá de complicado e desafiador. Se você tentar reproduzir exatamente o que a foto mostra, em seus mínimos detalhes, a pintura fica presa, dura, isenta de sentimento. Nesses dois exercícios tentei me soltar um pouco mais. Sentir o ambiente da foto, a temperatura e me transportar imaginariamente aquele pedaço do jardim. É claro que este tipo de exercício deve ser feito outras vezes para que eu encontre a 'temperatura e o sentimento' ideais da pintura. Mas confesso que já me agrada deixar brotar a leveza e o prazer das cores da mesma forma como tenho satisfação em recordar os maravilhosos momentos de nossa parceria conjugal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário