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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Releitura de Toulouse - Yvette Guilbert

Uma releitura é diferente de uma reprodução. 
A releitura, na verdade, é um mergulho na tentativa de desvendar a forma encontrada pelo artista para representar seus quadros. Reproduzir é copiar. Não faço uma cópia exata das obras, ainda que elas mereçam. Reler é reinterpretar. Refazer é viver novamente. Essas releituras feitas nessa madrugada são do grande Toulouse Lautrec. Artista que fez a ponte entre as artes plásticas e as artes gráficas. Não foram poucos os registros da Yvett Guilbert no Moulin Ruge.




o artista e o artesão 2

Depois de apresentar as três etapas do desenvolvimento artístico, Mario de Andrade passa a fazer uma crítica dos que são rotulados de artistas. Consegui identificar alguns tipos;
"Artistas de mercado' - aqueles que se desenvolvem, atravessam as etapas apresentadas e 'congelam' esperando o tempo de validade e do consumo mercadológico.

"Jamais os artistas verdadeiros ficaram, em suas obras, 
nos limites doutrinários que se prefixaram. 
Foram sempre além, saltaram sempre fora 
das limitações preestabelecidas" 
(Mariode Andrade)



"Artistas-artesãos" - os que tem domínio extraordinário da técnica e dela se tornam escravos e se escondem nos porões do domínio dos materiais sem expressividade própria.

"Em arte, a regra 
deve ser apenas uma norma e jamais uma lei. 
O artista que vive dentro de suas leis será sempre um satisfeito. 
E um medíocre" (Mario de Andrade)


Exite ainda o Artista (muitas vezes anônimo) - é aquele que olha o mudo e se maravilha, e se angustia, e agoniza com vontade de gritar, de expressar-se e, de uso dos materiais transforma emoção - o que é espiritual - em algum concreto, visual, audível, palpável. Esse registro o faz comparar o sentimento com o registro, se vê humano, incompleto e incomodado com o desafio do fazer artístico.

"Se o espírito não tem limites na criação a matéria o limita na criatura".
"A atividade artística nos abre um dos caminhos mais penetrantes de introdução do sere"
(Mario de Andrade)


Todas as ilustrações foram feitas no sketchbook de estudos sobre anatomia utilizando marcador permanente e cola colorida. As anotações foram transcritas do sketch para este blog e fazem parte do delírio e angústia desse que busca e tem a arte como alimento da alma.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O Artista e O Artesão - 1

"Artista que não seja ao mesmo tempo artesão, quero dizer, artista que não conheça perfeitamente os processos, as exigências, os segredos do material que vai mover,não que não possa ser artista (psicologicamente pode), mas não pode fazer obras de arte dignas deste nome.'
Mario de Andrade - O Artista e O Artesão.

Outra função que atribuí ao meu sketchbook foi desenvolver a disciplina de refletir e exercitar o espaço artesão. A busca do domínio técnico, do aperfeiçoamento faz  parte de quem é vocacionado. Vocação é chamada, é convocação. Se sou convocado, chamado a uma tarefa, então devo desempenha-lá com excelência. E excelência se encontra na dedicação, da disciplina do fazer. O texto de Mario de Andrade que redescobri - tive contato com ele há mais de 25 anos, ainda nos bancos da graduação com texto de português de Portugal - é uma reflexão sobre que aproxima e o que diferencia o artista e o artesão.
Entende agora por que vou preenchendo meu sketch buscando a "pegada''certa, a mancha ideal, a expressão denunciadora do sentimento? Ainda não é arte, mas a procura dela.


O fazer obras de arte, segundo Mario de Andrade, é composta de três diferentes etapas:
1ª - O artesanato
2ª - A virtuosidade
3ª - A solução pessoal 
O que o grande Mario de Andrade chamou de artesanato, dei o nome de Fazer/conhecer
Procurei construir uma metáfora entre este fazer artístico e o relacionamento entre os seres humanos.
É a fase de aprendizagem, do fazer e conhecer os materiais, os processos e os personagens dessa história. História da arte.


À virtuosidade chamei de Dominar/Brigar
Como ocorre com o relacionamento humano é preciso tempo para estabelecer segurança e afinidade ao outro. Só a convivência faz e traz isso. "É preciso comer um quilo de sal com a pessoa', já dizia minha mãe. Aqui, eu diria: é preciso cheirar muita tinta, gastar muito papel. Para dominar e dominar-se é preciso dedicação e paciência para conhecer e conhecer-se. Assim também é o princípio da briga. Só briga e fica junto quem está disposto a amadurecer a relação. Quem, assim creio, quer chegar a ser artista deve pagar o preço de brigar. Brigar e perder, e ganhar, e novamente travar um duelo-diálogo entre o artista, o material selecionado, o suporte e todo vocabulário e informações ligadas à arte.


Finalmente o que ele chamou de solução pessoal, dei o nome de Expor/Conviver
Expor, expor-se e conviver é a construção de quem passou pelo processo de conhecimento, de briga  e encontrou  confiança suficiente para conviver. Conviver é viver junto. Respeitar o espaço,  as diferenças (internas e externas), o limite e  ainda deixar aberto o canal para novos contatos e novos conhecimentos.




quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sketch Palavra-Salmo 6

Já estou cansado do meu gemido
toda a noite faço nadar a minha cama;
molho o meu leito com as minhas lágrimas,
já os meus olhos estão consumidos pela mágoa,
e têm-see envelhecido por causa de todos os meus inimigos.
Salmo 6.6 e 7

Faz  tempo que aprendi o valor de um sketchbook. Ele é um espaço para despejar ideias, sensações, lugara de derramar a alma e o coração. O artista (na realidade todo ser humano) precisa expressar-se. A vida, como diz Nietzsche, é obra de arte. Tenho transformado meus estudos bíblicos, resumos de livros em páginas de meus sketchbooks (estou tentando separar um para cada tema - pelo menos não falta a intenção). Esta semana parei neste Salmo (poesia bíblica). Me impressionou a forma que o poeta descreve o que chamamos hoje de depressão. Aí não teve jeito, uni um pouco de devaneio teológico - perceba que comecei comportadinho, tentando achar solução e reposta bíblica para o conflito do poeta mas, quando parei para fazer o desenho (baseado em foto) mudei a linha de raciocínio. Ele admite quem é e como estão seus sentimentos. Fica claro que ele só consegue escreve depois de superar o problema. Mas esse é outro assunto. O fato é que gostei de algumas páginas e, estimulado pelo amigo Marcio Cunha, compartilho com esta aí você.
Papel kraft 120g
Sketch 15x21 com duas dobras
Caneta marcador de retroprojetor
Caneta branca corretiva
A parte de cor foi feita com cola colorida.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Estímulo ou escape

Hoje separando o que fiz no skethchbook durante este final de semana percebi o quanto fiquei calado, reflexivo e impactado com as surpresas, especialmente as mazelas da vida. Mas na hora do caos a gente lamenta e chora. Em compensação tenho aprendido a contar com o inusitado. Não poucas vezes me surpreendo com saídas aparecem de não imaginava antes. As lágrimas lubrificam nossos olhos e nos ajudam a perceber o quanto Deus está fazendo enquanto choramos. A arte é um escape ou um estímulo para atravessar o vale?

Bailarina pastel e nanquim sobre papel kraft

caneta bic azul e  canetinha hidrocor


contorno nanquim, colorizado com lápis de cor e detalhe em cola colorida. A arte foi inspirada num detalhe da pintura de Steve Huston, um expressionista sensacional do Alasca.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Personagens Bíblicos para EBF

Algumas propostas que chegam à minha prancheta tocam a alma. Que momento mais propício do que este para compartilhar com as crianças sobre a perspectiva de Cristo e sua paz. Paz dentro de si mesmo, paz em seu relacionamento familiar e paz na comunidade onde estamos inseridos. Achei a ideia sensacional e me diverti um bocado criando os personagens. Para quem não os conhece ou não conseguiu identificá-los:
PAZ NA VIDA - Mateus, cobrador de impostos
PAZ NA FAMILIA - O carcereiro de Filipos
PAZ NA CIDADE - A mulher samaritana

Como foi feito?
Eles nascem de uma ideia comum catada da mente e a mão nervosa querendo transformar o abstrato em contato grafite e celulose. Um canto da mente pergunta: 
-O que você quer? Diga logo. A mão está pronta e o papel está branco.
E o diálogo, nada afável, do 'canto devaneio' com o caminho racional começa. 
-Um cartaz, um desenho, seu chato!
-Desenho de que?
-Sobre paz. Não quero pomba quero algo diferente.
-Tá. Paz sem pomba. Pomba! Tá de brincadeira? Vai colocar o que então? A 'chefa" disse que você é quem sabe. Dá teu jeito. Faça a tua que eu cuido da coordenação.
O canto do devaneio desloca o corpo para o telefone de pergunta:
-Tem alguma história? Que histórias vocês vão contar?
O diálogo, agora mais afável, termina com uma certeza: sem pomba. Só gente. Gente que foi mudada. Gente que experimentou paz. Gente que nem a gente.
Aí termina o domingo, começa a madrugada da segunda-feira e o efeito da 'cortizona' até parece cheiro suave da manhã que se aproxima.





quarta-feira, 3 de julho de 2013

Turma da música

Olha eu aí novamente me aproximando dessa galera ligada à música. Desta vez eu a a grande ministra de música Monica Coropos conseguimos começar a dar os primeiros passos para transformar o projeto-oficina dela - MUSICALIZANDO COM ALEGRIA - em livro. O material é excelente e o prazer em desenvolver essa Turma e as ilustrações... esse não cabe em palavras.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Arte = efeito colateral?

Todo mundo sente dor.
O ser humano é incompleto, imperfeito e, em alguma dimensão, incapaz.
A questão é como cada um de nós administra sua dor.
Tem gente que dorme. Tem gente que ri ("ri de tudo é desespero", já dizia o poeta).
Tem gente que grita, chora, esperneia, agride e também há quem sente prazer.
Tem alguns (aí estou olhando para o espelho) que sublimam.
Sublimar é tornar sublime, elevar, afastar-se para observar.
Acho que a arte para mim é efeito colateral. Dá doendo? Pinta, desenha, risca, molda...

Escrevi isso por impulso depois de assistir ao filme-exemplo sobre a pintora mexicana Frida Kahlo. Recomendo FRIDA KAHLO, de 2002.