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terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Releitura - Noite estrelada sobre Ródano
Tenho consciência que uma releitura é diferente de uma reprodução.
O que chamo neste blog de releitura, na verdade, é um mergulho na tentativa de desvendar a forma encontrada pelo artista para representar seus quadros. Reproduzir é copiar. Não faço uma cópia exata das obras, ainda que elas mereçam. Reler é reinterpretar. Refazer é viver novamente. Penso, um dia quem sabe, parar nos mesmos lugares e, aí sim, reler algumas obras de arte usando as referencias originais. Por exemplo, ver cadeira de Van Gogh e desenhá-la. A releitura que estou exercitando é mais arrojada. É a tentativa de refazer o caminho. Vejo a obra, tento encontrar as linhas de composição do desenho e, através da pintura, encontrar o clima, o ambiente, o sentimento que envolveu o pintor. Enquanto tentei reler Toulouse, Degas vivi um lirismo, um olhar de beleza e encantamento com a figura feminina em sua intimidade. Tentei exercitar outro sentimento para conferir se era só meu lado 'voyeur' que estava me fascinando neste exercício Posso afirmar que é impossivel traduzir com palavras a mistura de sentimentos como angústia, drama e satisfação ao tentar reproduzir as curtas pinceladas sem mistura de cor do mestre expressionista. Não dá pra brincar de pintar como Van Gogh sem ser afetado por sua história. Enquanto pintava me perguntava: esse cara estava maluco, estava nervoso, emocionado, depressivo? O que é isso gente? Expressão pura! Fiz duas camadas de tinta acrílica tentando encontrar a pincelada do cara. Já pensou como ele pintou isso? Onde ele estava? O que iluminava sua tela?
Qualquer dia desses vou tentar pintar com uma dessas lanternas na cabeça num local escuro.
Taí, um pouco menos soturno, tinta acrílica sobre mdf, 'Noite estrelada sobre o Ródano, 1888; no Museu d'Orsay, Paris.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Flores no papel
Hoje completo vinte e quatro anos de casado com a minha querida esposa. Quando começamos a namorar, já éramos amigos, tentei fazer 'uma média' e comprei um buquet de flores do campo. É claro que de forma muito educada, como ela sempre foi, ela sorriu, agradeceu e passou o arranjo floral para sua mãe. Minha futura sogra, nem tinha ideia disso naquela época, vibrou. Ela olhou o detalhe do arranjo, reparou que eu havia pedido para inserir uma florzinha pequena e de um colorido vermelho bem marcante. Reparou que não havia encomendado as flores num lugar qualquer e tal e coisa. Olhei para minha namorada que a esta altura já estava rubra de vergonha. Desconversamos... Entrei em sua casa e quando vi seu quarto pela primeira vez e logo percebi que tinha errado na avaliação. Marilia não era uma menina comum, Em sua imensa estante toda coleção da Agatha Cristie, Julio Verne, Monteiro Lobato, e no meio, acima do piano alguns de seus livros de música. Delicadamente puxei assunto sobre Monteiro Lobato, vi que ela havia lido os livros e aí então perguntei se aqueles livros eram dela mesmo. Ela se animou muito e foi me contanto qual o livro que havia lido primeiro. Até hoje conversamos sobre literatura e autores, apreciamos grandemente ir às livrarias e nos envolvemos com livros de todo tipo. Namoramos durante cinco anos e desde então deixei de comprar flores para minha querida namorada. Se tenho que dar um presente a primeira opção é um romance. Dia desses ela me surpreendeu mais uma vez. Mulheres são incríveis, elas sempre nos surpreendem. Ela, carinhosamente, falou: num dos seus estudos, suas 'aquarelinhas', se você se sentir motivado, pinte umas flores para eu ver. Aí, naquela mesma noite pintei essas duas aquarelas.
Pintar flores, para mim, é um execício pra lá de complicado e desafiador. Se você tentar reproduzir exatamente o que a foto mostra, em seus mínimos detalhes, a pintura fica presa, dura, isenta de sentimento. Nesses dois exercícios tentei me soltar um pouco mais. Sentir o ambiente da foto, a temperatura e me transportar imaginariamente aquele pedaço do jardim. É claro que este tipo de exercício deve ser feito outras vezes para que eu encontre a 'temperatura e o sentimento' ideais da pintura. Mas confesso que já me agrada deixar brotar a leveza e o prazer das cores da mesma forma como tenho satisfação em recordar os maravilhosos momentos de nossa parceria conjugal.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Ferro de passar
Estou fazendo uma série de 'coisas da roça' e dentre essas coisas, não posso esquecer do ferro à carvão. É isso mesmo o treco era aquecido com carvão em brasa. Tentei comprar um nessas lojas de antiguidade. A mulher, só elas que passavam roupa, tinha que ser forte mesmo. Esse 'utilidade doméstica' era quase uma academia de musculação particular. Não entre em crise com a perspectiva, este é um exercício de passagem para o cubismo, logo farei outras postagens para você entender.
Lamparina
O que tem me fascinado na técnica da aquarela é a praticidade.
Qualquer cantinho com a minha mochila surrada nas costa, o coração batendo, sobra e água - nem precisa ser fresca - dá prá transformar em pintura. É claro que não pinto com a mochila. Dentro dela tem um godê-paleta de tintas e um daqueles organizadores de pinceis feito de pano. A água pode ser conseguida em qualquer boteco ou com um copo descartável. Neste caso, foi um restinho de água de uma garrafinha dessas que a gente compra na rua. Cansado, sentei num cantinho da Colônia Juliano Moreira que fica aqui perto de casa e voltei ao tema da lamparina para me certificar de que não foi um acidente (kkk). Fiz esta 'aquerelinha' (como diz minha querida esposa) para dar sequencia às "coisas da roça' que de vez em quando retornarei. Essa lamparina, com novo design, é baseado na experiência de um amigo.
Releitura - Degas
Preciso entender melhor esse mistério (dizem que Freud explica) alguém tão sensível, que selecionou como tema principal de suas obras a intimidade do mundo feminino, ser chamado de misógino (desprezo pelo sexo feminino). Todos nós conhecemos Degas pelas inumeráveis e delicadíssimas bailarinas que ele registrou. No final da vida Edgar Degas começou a usar a ("arqui inimiga das pintura")a fotografia e a pintar usando giz pastel. Como gostei da brincadeira de reler (releitura1) Toulouse e, por acaso, escolhi "Toilete" procurei outros registros de mulher no banho. É claro que acabei parando nesse maravilhoso escorço de Degas.
Releitura -Toulouse
Estou estudando novamente os Impressionistas. Fui três vezes visitar a exposição Paris e a modernidade que, na realidade, tem muito pouco de obras impressionistas e muito de ambientação histórica para entendermos aquela época mágica.
Durante o habitual período de letargia das festas de final de ano assisti, junto com minha esposa, o excelente documentário em quatro episódios - Canal Philos, documentários e espetáculos - sobre o Impressionismo. Como estou nessa empreitada histórica pedi de presente de meu amigo oculto mais um livro sobre História da Arte.
Tenho o costume de acordar cedo (coisa de velho), e isso acontece de forma automática. Você deve conhecer gente assim... Fui dormir tarde, como todo mundo faz nesses dias de festas, mas logo cedo, dia primeiro de janeiro, estava eu acordado. Fazia um silêncio agradabilissimo. Nem o 'abençoado' cidadão que vende o gás estava gritando (é claro que é uma gravação!) "não deixe seu gás acabar".
Estava chovendo o que me impedia de fazer minha caminhada matinal. Decididamente eu não estava disposto a continuar 'nos braços e Morfeu". Catei um daqueles materiais jogados no canto do escritório e, para variar, fui desenhar. Como impregnado com a leitura da vida de Toulouse Lautreck, brinquei de fazer uma interpretação livre de uma de suas 'nobres donzelas'. Sou admirador de Toulouse pela história dele, pelo traço descompromissado e especialmente por ser ele o pai dos cartazistas. Esta brincadeira foi feita com aquarela e depois uns rabiscos com lápis de cor.
Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) The Toilet - 1889 Óleo sobre tela (Musée d'Orsay)
Durante o habitual período de letargia das festas de final de ano assisti, junto com minha esposa, o excelente documentário em quatro episódios - Canal Philos, documentários e espetáculos - sobre o Impressionismo. Como estou nessa empreitada histórica pedi de presente de meu amigo oculto mais um livro sobre História da Arte.
Tenho o costume de acordar cedo (coisa de velho), e isso acontece de forma automática. Você deve conhecer gente assim... Fui dormir tarde, como todo mundo faz nesses dias de festas, mas logo cedo, dia primeiro de janeiro, estava eu acordado. Fazia um silêncio agradabilissimo. Nem o 'abençoado' cidadão que vende o gás estava gritando (é claro que é uma gravação!) "não deixe seu gás acabar".
Estava chovendo o que me impedia de fazer minha caminhada matinal. Decididamente eu não estava disposto a continuar 'nos braços e Morfeu". Catei um daqueles materiais jogados no canto do escritório e, para variar, fui desenhar. Como impregnado com a leitura da vida de Toulouse Lautreck, brinquei de fazer uma interpretação livre de uma de suas 'nobres donzelas'. Sou admirador de Toulouse pela história dele, pelo traço descompromissado e especialmente por ser ele o pai dos cartazistas. Esta brincadeira foi feita com aquarela e depois uns rabiscos com lápis de cor.
Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) The Toilet - 1889 Óleo sobre tela (Musée d'Orsay)
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
É bonita, é bonita e é bonita
Selma é uma querida amiga. Louvo a Deus por estar cercado por gente valorosa como a Selma.
Ela é simpática, batalhadora, sonhadora, culta, devota e de bem com a vida.
Creio que estão mesmo certas as palavras de Rubem Alves: "ostra feliz não faz pérola".
Quem conhece Selma acha que a vida está sempre sorrindo para ela.
Equivocada esta leitura imediatista.
Gente assim é que sorri para vida e a Vida ganha sentido.
"Eu vim para que tenha vida e vida cheia de Vida." São as palavras de Cristo para os estão amalgamados nele. Sendo menos teológico, não seria esta deliciosa interpretação poética do que é a vida, feita por Gonzaguinha, um retrato desse tipo de gente?
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...
Selma, minha oração é que você continue exalando vida, e beleza.
Paraty - Imagem e reflexo
Continuo brincando com as gotas de cor no papel. Meu filho algumas vezes anda visitando Paraty onde a família de sua namorada tem casa. Numa dessas idas, pensando, orando e sentindo saudade de sua presença, fiz mais este exercício. Imagem e reflexo, luz e sombra, espera e esperança não são os sentimentos que invadem o coração dos pais no 'lançamento dos filhos"?
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