Estou prestes a começar um curso de aquarela. Pintar, como já compartilhei aqui neste espaço, é sempre um desafio para mim. Quando pequeno, bem pequeno mesmo, fazia meus desenhos e minha irmã pedia para pintá-los. Meus primeiros rabiscos foram feitos em papel de pão. Para que você internauta entenda, preciso dizer que antigamente pão vinha embrulhado num papel cinza que era enrolado nas duas pontas pelo vendedor.
Eu era, em minha casa, o responsável pela tarefa de ir à padaria logo pela manhã.
Gostava muito de fazer isso, até porque minha casa, na favela (hoje os politicamente corretos chamam de comunidade), ficava bem próxima aos fundos da padaria e aquele cheiro de pão era um perfume para mim.
Numa daquelas manhãs, enquanto estava na fila do pão, eu desenhava no chão úmido com um graveto e o simpático senhor que me via brincar com as linhas perguntou se eu gostava mesmo de desenhar. É claro que você sabe a resposta: - Gosto sim senhor. - Então, desenhe menino. Se você desenhar muito vai acabar sendo desenhista, disse o simpático vizinho
Mesmo muito pequeno eu sabia que não dava para ficar desenhando no chão o tempo todo. Cheguei em casa e pedi papel para o meu pai que já estava de saída para o trabalho. Ele, sempre muito criativo, apontou para o papel de pão e disse: - Você recebe uma folha de papel todo dia de manhã, não tá vendo aí?
Foi assim que comecei a desenhar e não utilizar tintas.
Graças a Deus a gente cresce, conhece outros olhares, outras formas de expressão artística.
Estou me aproximando desse mundo da cor como uma criança que brinca com as primeiras tintas, os primeiros lápis coloridos. Incríveis as emoções que emanam desse exercício. Meu desejo é deixar um pouco de lado as teorias, os conceitos, as técnicas e mergulhar em busca do prazer de pintar. Minha oração é que a multiforme graça de Deus, também colorida, me ajude a vencer meus medos e limitações que trago em minha formação, ou falta dela, depois de tanto tempo longe das tintas.
Aqui resolvi compartilhar mais um dos exercício que desenvolvi, por conta própria e risco, com aquarela, antes de iniciar as aulas com o mestre Celso Mathias.