Hoje, ouvindo a gravação da entrevista do grande intelectual Milton Santos, bateu uma nostalgia... Terminei minha primeira graduação no final de1988. Êta momento conturbado!
Por volta de 1985 passei, quase como um milagre, no Vestibular da extinta Cesgranrio. Por incrível que pareça foi muito maior a decepção do que a felicidade nessa experiência. A felicidade ocorreu porque pouquíssimas pessoas, especialmente oriundas de classes menos favorecidas, conseguiam este feito. Mesmo sendo uma vaga para Artes era uma aprovação no Vestibular e eu estava bem distante de ser um aluno brilhante. O 'Ego' estufou e nem deu tempo de 'tirar onda'. Passei na reclassificação e quando fui fazer a inscrição (etâ lugar com acesso difícil!), o curso oferecia uma grade com algumas aulas pela manhã e outras na parte da tarde. Como deixar o trabalho? Como manter vivo o sonho de estudar artes? Você nem imagina o que era isso. Um 'molecote' que amava desenho, trabalhava numa editora-gráfica, que já ilustrava quatro periódicos e desejava dominar as técnicas, 'aprender' a desenhar e trabalhar na Disney? Ali percebi que existia um abismo entre a realidade das escolas públicas e que 'faculdade pública era coisa de rico'.
Depois de muita crise fui para o Bennett. Era o único curso ligado às Artes que oferecia turno à noite. Licenciatura em Artes. Poucas matérias de técnicas e muitas, muitas mesmo, ligadas à educação e à cultura. Este, sem dúvida, era o melhor, o mais famoso e por isso, o mais oneroso curso para formação de professor de artes. Quase todo o salário era dedicado às mensalidades.
Foi lá que ouvi falar, pela primeira vez, em História da Arte, de cultura afro e Movimento negro, de Milton Santos, de Mercedes Sosa, de Teologia dos pobres, de política de globalização e engajamento e esperança na educação. Nesta época eu queria mudar o mundo. Se havia algum movimento de classe, um grito, uma manifestação lá estava eu inteiro, de corpo e alma.
Hoje, tenho que admitir, e dói afirmar que ando descrente, decepcionado com as mudanças políticas que me fizeram ir às ruas, gritar, deitar no chão, dormir na rodoviária...
Nessa nostalgia lembrei que mas faz uns dez anos que ouvi, com total descrença, sobre a privatização da água e a manipulação indiscriminada e vergonhosa dos meio de comunicação. Agora, imagine meu espanto diante de nossa realidade.
Já deixei, e não é de hoje, esta ilusão de 'mudar o mundo'. Estou mergulhado numa tarefa muito mais radical: aprender a mudar. Mudar o que vejo diante do espelho da alma. O sábio já dizia: Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem não sabe dominar-se. (pv 25.28)
Quando olho para trás vejo gente, como Milton Santos que como profeta, anunciava a solidariedade, a educação e a cidadania.
Por volta de 1985 passei, quase como um milagre, no Vestibular da extinta Cesgranrio. Por incrível que pareça foi muito maior a decepção do que a felicidade nessa experiência. A felicidade ocorreu porque pouquíssimas pessoas, especialmente oriundas de classes menos favorecidas, conseguiam este feito. Mesmo sendo uma vaga para Artes era uma aprovação no Vestibular e eu estava bem distante de ser um aluno brilhante. O 'Ego' estufou e nem deu tempo de 'tirar onda'. Passei na reclassificação e quando fui fazer a inscrição (etâ lugar com acesso difícil!), o curso oferecia uma grade com algumas aulas pela manhã e outras na parte da tarde. Como deixar o trabalho? Como manter vivo o sonho de estudar artes? Você nem imagina o que era isso. Um 'molecote' que amava desenho, trabalhava numa editora-gráfica, que já ilustrava quatro periódicos e desejava dominar as técnicas, 'aprender' a desenhar e trabalhar na Disney? Ali percebi que existia um abismo entre a realidade das escolas públicas e que 'faculdade pública era coisa de rico'.
Depois de muita crise fui para o Bennett. Era o único curso ligado às Artes que oferecia turno à noite. Licenciatura em Artes. Poucas matérias de técnicas e muitas, muitas mesmo, ligadas à educação e à cultura. Este, sem dúvida, era o melhor, o mais famoso e por isso, o mais oneroso curso para formação de professor de artes. Quase todo o salário era dedicado às mensalidades.
Foi lá que ouvi falar, pela primeira vez, em História da Arte, de cultura afro e Movimento negro, de Milton Santos, de Mercedes Sosa, de Teologia dos pobres, de política de globalização e engajamento e esperança na educação. Nesta época eu queria mudar o mundo. Se havia algum movimento de classe, um grito, uma manifestação lá estava eu inteiro, de corpo e alma.
Hoje, tenho que admitir, e dói afirmar que ando descrente, decepcionado com as mudanças políticas que me fizeram ir às ruas, gritar, deitar no chão, dormir na rodoviária...
Nessa nostalgia lembrei que mas faz uns dez anos que ouvi, com total descrença, sobre a privatização da água e a manipulação indiscriminada e vergonhosa dos meio de comunicação. Agora, imagine meu espanto diante de nossa realidade.
Já deixei, e não é de hoje, esta ilusão de 'mudar o mundo'. Estou mergulhado numa tarefa muito mais radical: aprender a mudar. Mudar o que vejo diante do espelho da alma. O sábio já dizia: Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem não sabe dominar-se. (pv 25.28)
Quando olho para trás vejo gente, como Milton Santos que como profeta, anunciava a solidariedade, a educação e a cidadania.
''A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos
que apenas conseguem identificar os que os separa e não o que os une.
Milton Santos
Creio que devo parar e refletir como o poeta bíblico:
Por que você está assim tão triste, ó minha alma?
Por que está assim tão perturbada dentro de mim?
Ponha (refletia ele consigo mesmo) a sua esperança em Deus!
Nenhum comentário:
Postar um comentário