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sábado, 14 de fevereiro de 2015

e não falei de desenho

Que extraordinário tesouro está à nossa disposição na internet!
Meu Deus, que vontade de voltar no tempo!!
Quanto para aprender, quanto a descobrir!!
Se você lê esse texto, só o faz porque tem acesso ao mundo virtual da 'grande rede'.
Por que tenho acesso, escrevo. Escrevo sem saber quem vai ler e, se vão ler. Isso agora pouco importa, escrevo. Houve um tempo em que só se fazia isso em caderninhos, só compartilhávamos com amigos muito próximos e amigos próximos, algumas vezes é mais do mesmo. Experimentei esta 'mídia' uma vez e logo deixei de lado.
Agora, estou extasiado! Maravilhado com a possibilidade de aprender, ver e conhecer tanta gente 'da minha tribo'. Sou, desde sempre apaixonado por artes e, como é bom acompanhar gente com a mesma paixão. Não deixo de dizer que cresci numa favela e, antigamente, que acesso 'um moleque de morro' tinha a este mundo?
Hoje sou um 'coroa da zona oeste' do Rio de Janeiro, que fica sem dormir, angustiado, desejando o exercício, a novidade, a nova técnica. Sentimento não envelhece mesmo. Maravilhado com os artistas que estão espalhados pelo mundo. Gente que ultrapassa o 'tem que' imposto pelo cliente. Gente como 'coragem de ser' e de fazer
Mas, de verdade, maravilhado estava ontem.
Acordei lamentando não ter vinte anos, lembrando das tarefas e prazos à cumprir. Aí, quase que como 'voz divina'  lembrei de um livro do Pondé - Guia politicamente incorreto da Filosofia, editora Leya, 2012.
Catei aqui no estúdio e encontrei a frase sublinhada:
'Sociedades 'justas' podem produzir grande mediocridade intelectual, como a nossa época, dadas, as bobagens das redes sociais... Muito do que o espírito humano produziu ele o fez em meio ao sofrimento. Isso não justifica o sofrimento, apenas indica que um cultura da felicidade e da justiça social pode apenas gerar gente banal e medíocre"
Fiz esta caricatura pintada do Pondé - observe que não falei desenho - não apenas pelo 'politicamente incorreto', mas pelos vídeos que assisti na internet, as aulas de pintura. E, como sempre, tracei pontes, fiz ligação do conteúdo com a vida:
Quanta 'molecada de favela' tem aproveitado as facilidades de aprendizado na grande rede?
O quanto nós educadores estimulamos isso?
Chega! Chega de desperdiçar tempo com baboseira.
Basta de dedicação para desenvolver a mediocridade.
É muita angustia de 'um coroa' maravilhado com o universo que se descortina.
Pare! Pare, digo eu diante do espelho, de ressentimento com tempo que desceu pelo ralo. Deixe! Deixe de transferir toda culpa para a história, para o sistema, isso é baboseira.
Melhor é...
Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso,
e o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade. (Pv 16.32)




4 comentários:

  1. Que texto espetacular Hudson. UAU. Que porrada!!! Que inspiração!!! Pude sentir sua angústia, sua maravilhosa sede de "quero mais". Que saudades do tempo das nossas aulas. Sempre te envio um convite para visitar-me mas sempre um vazio na resposta. Parabéns mesmo por tudo escrito!!!Abraços

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    1. Grande mestre Celso Mathias, você sabe que tem uma 'bendita culpa' nesse processo. Me dei conta de que estava mecanizando minha paixão e, pior que isso, me prostituindo. Vivendo de forma medíocre em troca de um afago enganador e imediato que o mercado oferece. Viver da arte é viver a angustia de não saber e continuar fazendo. Seus comentários, sua amizade, e sua arte e sua vida são dádivas para mim. Muito obrigado.

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  2. Belo texto mesmo, Hudson! Faz pensar e como disse o Celso, inspiração pura!

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  3. Gilberto, escrevi achando que ninguém iria ler.(kkk) O título que dei à 'categoria' aqui no blog' é alojo. Coloquei o nome para não agredir muito. Na realidade alojo é, na realidade, vômito. Tenho 51 anos e trabalho com 'artes gráficas' desde os 14. É muito tempo. Trabalhar fazendo arte para atender exigências de clientes, faz a gente se vender. Encontrei o Celso Mathias há uns 10 anos, numa de minhas crises. Sempre desejei 'fazer arte' de verdade, sem imposições, sem controles... o Celso foi mais do que um mentor para mim. A arte e a vida dele eu só tinha encontrado nos livros de arte. Muito obrigado por investir seu tempo e registrar o comentário. Abraço!

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