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sexta-feira, 17 de julho de 2015

É fisioterapia pra vida

"Anda direito'! 'Pare de mancar!'
São ordens que tenho recebido nessa fase de fisioterapia.
Ordens impostas pelo dedicado profissional que tem trabalhado comigo na recuperação dos movimentos do joelho.
O processo é lento, dolorido e desafiador.
Logo que cheguei na clínica, depois de quase trinta dias da cirurgia, já estava conformado com a limitação que o procedimento cirúrgico estava me impondo. Concluí, sem nenhum conhecimento científico, que nunca mais iria andar direito. Trabalhei com essa realidade e fui adaptando meus sonhos, tarefas e agenda a esta limitação. Na consulta rotineira com o cirurgião ortopedista - Dr Conrado sentenciou: Você vai andar, vai dobrar e esticar todo joelho como antigamente. Devo ter feito 'cara de paisagem', estava totalmente incrédulo. O médico ficou incomodado e imediatamente ligou para o fisioterapeuta que trabalha na clínica de reabilitação que fica nos fundos da clínica ortopédica. Em menos de cinco minutos o profissional estava ali diante de mim. O médico apresentou o meu histórico e perguntou:
E aí, Renato, você acha que dá pra encarar esse desafio? O fisioterapeuta fez a avaliação clínica e logo em seguida afirmou: Vai andar direito e, depois de alguma dor, se desejar vai voltar a jogar futebol. Educadamente agradeci, mas confesso que não saí saltitando de esperança, até porque esse movimento eu nem poderia imaginar fazer.
Lá se vão dois meses de exercícios. Dois meses 'aboletado' na sala de casa, improvisando a vida e limitado aos movimentos determinados pelo tratamento. Dois meses de muito gelo, nimesulida (anti-inflamatório) e lentas conquistas. 
Foram três meses sem subir as escadas para o escritório, meu canto de rabiscar. 
Ontem retornei ao meu habitat. Foi dia de faxina, de rever pastas e envelopes com desenhos antigos, de separar e reorganizar lápis, canetas e tintas.
Com o tempo vou organizando os alfarrábios e observando que em todo tempo eu estive com um lápis na mão. São pilhas de desenhos, um bom bocado de anotações sobre histórias bíblicas, linhas e mais linhas sobre reflexões artísticas. Tenho mesmo a mente e o coração de menino sonhador. Quanto ainda por fazer!
Neste processo, que para mim esta sendo muito mais do que um período de exercícios físicos, tenho ouvido várias vezes:
'Não se acomode andando errado. Isso é medo da dor." 'Ande devagar. Pense no movimento: primeiro o calcanhar depois a ponta do pé'. 'Reduza o ritmo!". 'Andar errado vicia! Andar errado acaba prejudicando todo corpo.' Anda direito! Pare de mancar!" Você acha que essas orientações se limitam ao meu joelho?



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