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quarta-feira, 26 de março de 2014

Teologia e Arte 1

Vivi fortes momentos de crise quando terminei o que hoje corresponde ao ensino médio. Como todo adolescente que vive sua crise profissional, eu vivi a minha. É claro que eu já sabia que queria estudar desenho, ou qualquer outro curso não utilizasse a Matemática, e que estivesse o mais próximo possível do mundo das artes.
Prestei vestibular para bacharel em desenho na UFRJ e, para surpresa minha, fui aprovado. Não fiz 'festa' porque logo percebi que não poderia ocupar a tão sonhada cadeira universitária. O curso era de tempo integral e eu não poderia deixar o trabalho para estudar. Mantive a calma porque eu já sabia que não poderia fazer o curso e que teria que me alistar para o serviço militar ainda naquele ano. Eu era funcionário da JUERP - editora de periódicos evangélicos - e trabalhava fazendo ilustrações de quatro revistas: Crescendo - pré escolar, Vivendo e União de Juniores - 9 a 12 anos e, também a revista União de Adolescentes - 13 a 17 anos. Em termos financeiros ganhava, como prescrevia a lei, como menor (essa é outra história). Assim, aos 19 anos, conciliava o tempo no Exército com as ilustrações que, nesta época eram pagas como freela. Depois de cumprido os dez meses de aquartelamento, tive que encarar o vestibular novamente. Estava muito envolvido emocionalmente com as tarefas da igreja, preparando aulas, organizando passeios, ensaiando para cantar no coral etc...Resultado, fui para o Seminário estudar 'para ser pastor'. Trabalhava durante o dia. À noite, estudava no seminário e dormia por lá mesmo. Antes do final do primeiro semestre já estava angustiado. Fui conversar com alguns professores sobre minha paixão pela arte e meu desejo de servir a Deus também. O professor Silvino Neto não fugiu do assunto com frases prontas, como costumava acontecer, e me disse claramente:
- Por que você não serve a Deus com o seu talento?
Calei. Não dormi aquela noite pensando sobre o assunto. Aceitei a provocação, encarei as consequências e me propus a fazer um teste. É, um teste. Um teste com Deus (veja só!?). Me inscrevi no vestibular para o curso de Licenciatura em Artes no Bennett, uma instituição particular, mesmo sem dinheiro e sem estudar nada.
Quebrei a cara - passei. E agora? O que fazer?
Vendo minha angústia, minha mãe se prontificou para emprestar o dinheiro correspondente à matrícula.
Peguei o dinheiro emprestado e estudei durante os quatro anos. Fiz o curso numa universidade paga e num dos cursos mais caros da época. Mais de 60% da minha renda era reservada para eu pagar as mensalidades. Fui cantar no coral da universidade, prestar serviços no centro acadêmico, fiz tudo o que podia para conquistar uma bolsa de estudos e 'levantar' algum recurso. A conquista financeira só ocorreu no segundo ano, porque o primeiro não dava direito à bolsa. Consegui 30% de desconto na mensalidade, ocupando os sábados cantando no coral da instituição. Foi assim que lá no Bennett me apaixonei por História da Arte. Ali conquistei minhas melhores notas e não economizava elogios para dizer que era a mais apaixonante matéria do curso. Desde então, venho fazendo relação entre Teologia e Arte.
Estou me propondo a escrever minhas divagações nessa apaixonante relação entre Teologia e Arte.

 
Eu no jardim de infância que funcionava dentro de uma igreja católica no
Abrigo Cristo Redentor em Bonsucesso, RJ

terça-feira, 25 de março de 2014

Bendito erro

Nos últimos dois meses, desde a comemoração do meu aniversário, resolvi assumir minha paixão pela Teologia que sempre andou junto com a minha arte. Comecei a trabalhar bem cedo fazendo desenhos para periódicos evangélicos. As revistas da JUERP eram produzidas especificamente para o segmento batista e eu comecei, depois de fazer o curso do SENAI, como auxiliar limpando pincéis, servindo cafezinho e cuidando das impressões de baixa tiragem que eram feitas num mimógrafo eletrônico (coisa bem antiga). Esse processo de impressão, limitadíssimo para os dias de hoje, me empurrou para elaborar por meio de poucos traços as imagens que os 'clientes' solicitavam. Fiquei fazendo esses trabalhos 'menores' até que uma das redatoras - hoje, minha amiga Roseli Lassarot - precisou de um substituto para o experiente profissional que estava saindo para aproveitar suas merecidas férias. Encarei o desafio e, ao longo de cerca de seis anos fui me adequando aos desejos e solicitações de quatro redatoras de periódicos diferentes. Três diferentes faixas etárias, quatro 'chefes', quatro pessoas bem diferentes para eu 'agradar'. Tempo vai, tempo vem, construí toda minha trajetória gráfico-artística sob esta ótica. A perspectiva de atender as exigências, de cativar o cliente, de estar disposto a refazer o desenho até o cliente estar satisfeito.
Não reclamo do que aconteceu. Sou o que sou porque fiz o que fiz.
O que estou vivendo agora não é um 'chutar o balde'. Vivo agora uma outra dimensão, uma forma diferente de ver e administrar minha vida artística. Continuo atendendo meus clientes e sinto satisfação nisso. É sempre um desafio e um novo aprendizado. Mas, agora estou tomado de uma coragem - coisas da idade - de' mostrar a cara'. De compartilhar desenhos sem o espaço para avaliação e reformulação exigidas, ou mesmo solicitadas por terceiros. Por isso mesmo, é um aprendizado se dar direito ao erro, não usar borracha, misturar técnicas, borrar e rir do erro, não ter prazos de entrega.
Termino o horário de trabalho e fico imaginando mil e trezentas coisas diferentes por fazer. Quero, como diz minha esposa, abraçar o mundo com papel e lápis. Que prazer! Que extraordinária redescoberta do sonho de criança! Deus seja louvado pelo que foi e pelo que .... há sei lá!!!





sexta-feira, 7 de março de 2014

Releitura painel JMM 2014


Período de campanha missionária da igreja, é tempo de viver fortes emoções e profundas reflexões sobre minha história, missão e vocação.
Tive a honra de prestar serviços para as Juntas missionárias (Junta de Missões Nacionais e Junta de Missões Mundiais). Continuo aprendendo, pelos exemplos do campo, que propósito de vida está diretamente relacionado a entrega á uma missão.
Grande satisfação-desafio era pensar no tema e em alguns momentos (não poucos) de como transformar uma ideia tão subjetiva em mensagem visual direta. Sempre achei maravilhoso procurar metáforas visuais que ilustram o tema, sem necessariamente descrevê-lo. A imagem, algumas vezes, serve como desafio à reflexão. Hoje, acompanho à distância, o que fazem os artistas contratados pelas juntas missionárias. Mas, como sou um dos milhares de cristãos que sentem o chamado divino para sair da 'zona de conforto' e compartilhar da mudança que o Evangelho está produzindo em nossa vida, me arvorei (mais uma vez) a fazer uma releitura do tema da campanha deste ano.
Até procurei ser fiel à arte sugerida mas, o arquivo disponibilizado pela JMM não tinha resolução suficiente para a impressão do banner que a igreja vai utilizar dentro do templo.