"A vida é uma escola"
Escola que nunca saímos formados. Ultrapassamos barreiras, vencemos etapas mas, na realidade, nunca dominamos o conteúdo todo. A questão não é correr atrás do 'diploma' para pendurar na parede. Nova etapa, novo desafio. A vida é uma grande escalada.Ouvi isso em algum lugar... Gosto da ideia. A cada platô um panorama ainda maior da realidade.
Foi o que vivi numa noite muito quente com os alunos do Colégio Estadual Stella Matutina, no Tanque, em Jacarepaguá.Conversa marcada na sala de leitura, turma cumprindo compromisso escolar, professor aliviado por não ter que 'enfrentar' a obrigação de cumprir os objetivos e atender as exigências da 'grade curricular'. Estávamos todos naquela sala, apertadinhos, cercados de livros por três daquelas quatro paredes. Fui cumprindo agenda, desejando voltar correndo para jantar em frente a televisão vendo meu time de coração jogar. Cheguei cedo, bem antes da hora marcada. Fui muito bem recepcionado pelo inspetor (ainda é assim que se chama?) e pela Deusa. Deusa é a professora, amiga de igreja, que assumiu o desafio de coordenar a sala de leitura.
-Fique à vontade. Quer água? Um café? Por favor, só espere um pouco a fim de que eu conclua essa tarefa, aí conversaremos, está bem?
É claro que não me opus a nada. Fiquei quieto ali. Folheei alguns livros muito interessantes, organizei o material e, não sei porque, resolvi ficar quieto (o que é difícil ocorrer). Nem meu sketchbook que estava ao alcance de minhas mãos foi aberto. Pensei. Pensei em todo o processo que me levou aquele momento. O convite, feito com muito cuidado pela Deusa. O constrangimento dela dizendo que era um colégio público, entenda-se sem remuneração. Minha trajetória como professor de Escola Dominical, minha formação acadêmica, meus conteúdos eclesiásticos e o que levou a minha aluna da EBD, efetuar aquele convite. Minha chegada e o cuidado do inspetor de me oferecer a melhor vaga para o carro. E aquele ambiente... aquele ambiente tão familiar. Uma escola pública. Alunos estudando a noite. A maioria estudando porque durante o dia trabalha. E eu ali, numa sala de leitura deliciosamente climatizada...
Quando a turma entrou, olhei bem. Encarei um por vez - a sala era pequena - e reparei a forma como eles se organizaram. Perguntei o nome de cada um pedindo eles se apresentassem. Cada um apresentaria o 'parceiro' que tinha sentado perto. Confesso que me vi diante de um espelho. Eu era um deles. Eu fui um deles. Eu sou um deles. Contei, muito rapidamente, minha trajetória, mostrei alguns desenhos e os deixei livre para perguntas. Silêncio. Até que um deles, sempre tem um na turma, disse que não gostava de ler e que parecia que ali ia ter alguma coisa 'maneira'. Pronto. Era o que eu precisava. Conversei com ele fazendo perguntas diretas, do tipo: por que você está aqui? É preciso isso mesmo? Como você imagina a vida?
Foram poucas perguntas e quando vi toda turma estava na conversa. Até o professor, que havia publicado um livro, de forma independente, ficou entusiasmado. Uma delícia de encontro. Foram mais de duas horas juntos, conversando. Ganhei o dia, a semana. Ganhei vida. Saí cantando Gonzaguinha:
- Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
Escola que nunca saímos formados. Ultrapassamos barreiras, vencemos etapas mas, na realidade, nunca dominamos o conteúdo todo. A questão não é correr atrás do 'diploma' para pendurar na parede. Nova etapa, novo desafio. A vida é uma grande escalada.Ouvi isso em algum lugar... Gosto da ideia. A cada platô um panorama ainda maior da realidade.
Foi o que vivi numa noite muito quente com os alunos do Colégio Estadual Stella Matutina, no Tanque, em Jacarepaguá.Conversa marcada na sala de leitura, turma cumprindo compromisso escolar, professor aliviado por não ter que 'enfrentar' a obrigação de cumprir os objetivos e atender as exigências da 'grade curricular'. Estávamos todos naquela sala, apertadinhos, cercados de livros por três daquelas quatro paredes. Fui cumprindo agenda, desejando voltar correndo para jantar em frente a televisão vendo meu time de coração jogar. Cheguei cedo, bem antes da hora marcada. Fui muito bem recepcionado pelo inspetor (ainda é assim que se chama?) e pela Deusa. Deusa é a professora, amiga de igreja, que assumiu o desafio de coordenar a sala de leitura.
-Fique à vontade. Quer água? Um café? Por favor, só espere um pouco a fim de que eu conclua essa tarefa, aí conversaremos, está bem?
É claro que não me opus a nada. Fiquei quieto ali. Folheei alguns livros muito interessantes, organizei o material e, não sei porque, resolvi ficar quieto (o que é difícil ocorrer). Nem meu sketchbook que estava ao alcance de minhas mãos foi aberto. Pensei. Pensei em todo o processo que me levou aquele momento. O convite, feito com muito cuidado pela Deusa. O constrangimento dela dizendo que era um colégio público, entenda-se sem remuneração. Minha trajetória como professor de Escola Dominical, minha formação acadêmica, meus conteúdos eclesiásticos e o que levou a minha aluna da EBD, efetuar aquele convite. Minha chegada e o cuidado do inspetor de me oferecer a melhor vaga para o carro. E aquele ambiente... aquele ambiente tão familiar. Uma escola pública. Alunos estudando a noite. A maioria estudando porque durante o dia trabalha. E eu ali, numa sala de leitura deliciosamente climatizada...
Quando a turma entrou, olhei bem. Encarei um por vez - a sala era pequena - e reparei a forma como eles se organizaram. Perguntei o nome de cada um pedindo eles se apresentassem. Cada um apresentaria o 'parceiro' que tinha sentado perto. Confesso que me vi diante de um espelho. Eu era um deles. Eu fui um deles. Eu sou um deles. Contei, muito rapidamente, minha trajetória, mostrei alguns desenhos e os deixei livre para perguntas. Silêncio. Até que um deles, sempre tem um na turma, disse que não gostava de ler e que parecia que ali ia ter alguma coisa 'maneira'. Pronto. Era o que eu precisava. Conversei com ele fazendo perguntas diretas, do tipo: por que você está aqui? É preciso isso mesmo? Como você imagina a vida?
Foram poucas perguntas e quando vi toda turma estava na conversa. Até o professor, que havia publicado um livro, de forma independente, ficou entusiasmado. Uma delícia de encontro. Foram mais de duas horas juntos, conversando. Ganhei o dia, a semana. Ganhei vida. Saí cantando Gonzaguinha:
- Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
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