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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Mercedes Sosa - e vai brotando, brotando

Algumas vozes, algumas músicas marcam etapas de nossas vidas, não é mesmo? Pelo menos comigo é assim. Ouvir Mercedes Sosa é voltar a uma época de encontros e despedidas, de coração de estudante, de honrar a vida morando sozinho num apartamento vazio. Lembranças de sonhos, lágrimas, esperança e certeza (leia-se fé) de construção de momentos melhores. É a fase da vida que rotulei de fase miojo. Semana passada ouvi Mercedes Sosa peguei meu sketchbook e 'rebubinei' as emoções daqueles tempos de universitário, de campanha das diretas, de movimento negro, de greve e passeata e 'caçador de mim'. A arte aponta para o que foi e esse exercício de olhar e registrar o que foi dá sentido de onde estamos e cutuca a gente para prosseguir a caminhada.
Como foi agradável descobrir que o apelido dela era "La negra", não pelos seus belos cabelos negros, como sempre pensei, mas porque ela era conhecida como a voz dos 'sem voz'.


O desenho foi feito à lápis da maneira mais solta possível (nada de borracha). Só a emoção do traço. Pintei com lápis de cor sobre o próprio desenho e finalmente brinquei com a textura acrílica no echarpe sobre a mancha aquarelada.





"Voltar aos 17 depois de viver um século
É como decifrar sinais sem ser sábio competente
Voltar a ser de repente tão frágil como um segundo
Voltar a sentir profundo como um menino diante de Deus
Isso é o que sinto neste instante fecundo

Vai se envolvendo, envolvendo
Como no muro a hera
E vai brotando, brotando
Como o musgo na pedra
Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim.

O que pode o sentimento não o pode o saber
Nem o mais claro proceder, nem o maior dos pensamentos
Tudo o muda num momento qual mago condescendente
Nos afasta docemente de rancores e violências
Só o amor com sua ciência nos torna tão inocentes"

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