Trabalhada "nego"

Meu sketchbook é um grande parceiro de minhas viagens de ônibus. Levo esse caderno e ele me ajuda muito a enfrentar aqueles períodos imensos de espera para consultas médicas, banco, e aqueles 'maravilhosos' compromissos do dia a dia.
Agora inventei uma nova rotina. Levo uma mochila e além do sketchbook e os lápis, dá pra levar um livro e intercalar leitura e rabisco. Este rabisco aí surgiu de uma entrevista que li sobre o trabalho de Carter Goodrich. O ilustrador é um 'animal' nessa arte! O cara fez os desenhos do filme Valente, Shrek e outras produções da Disney/Pixar. Lendo o artigo, vendo as imagens, relendo um de seus desenhos chego a uma conclusão óbvia: preciso estudar mais...

A grande Loba - Roma - afaga e devora

Mais uma das ilustrações feitas para o site ILUSTRABACANA.

O tema do mês era Roma.

Resolvi fazer uma releitura da lenda do surgimento de Roma. A grande Loba alimenta os gêmeos Rômulo e Remo, que fundam Roma. Pensei nisso enquanto estava no metrô e durante o rabisco da viagem me dei conta de que o Império Romano foi mesmo o grande devorador de tudo à sua volta. 

A loba deu de si... e daí? Dali então, multiplicaram-se os lobisomens e os lobos maus. Ainda que eu creia que isso veio muito antes de Roma (rs, rs, rs, rs)

"Só deu do seu quem deu de si"

 

Técnica:

Ilustração feita sobre papel kraft 180gramas

com Nanquim, caneta bic e tinta acrílica com

manipulação da imagem no photoshop.

 

E, na Casa do Pão de Queijo...

Fomos buscar meus sogros no Aeroporto do Galeão. Chegamos cedo e a expectativa era de esperamos, pelo menos, umas duas horas a chegada do voo que os traria da casa do meu cunhado, em Curitiba. Andamos, ficamos um bom tempo na livraria e, cansado, resolvemos parar para tomarmos café naquela noite fria. Minha esposa, viciada que é em palavra-cruzadas, ficou ali concentrada nas respostas de seu passa-tempo. Eu, sem pelo menos um livro estava angustiado por não ter uma folha de papel comigo. Como fui sair de casa sem meu sketch? O que fazer? Procurei uma solução! Perguntei se ela não tinha uma caneta a mais na bolsa, afinal, você sabe como é bolsa de mulher, não é mesmo? Primeiro passo dado, caneta na mão. Mas e o papel? Como eu iria desenhar? É elementar, meu caro. Pedi um saquinho a mais da Casa do Pão de Queijo e deu nisso aí.

Inferno?!

Fiz a muito tempo uma série de ilustrações para o livro "E o anjo caiu". Era uma encomenda de um autor lá do EUA. O livro contava a história sob o ponto de vista do diabo. Este mês de senti cutucato com o tema: bem-vindo ao inferno e procurei nos arquivos as artes deste trabalho. Montei duas novas pranchas com fragmentos dessas antigas imagens.

Confesso que o que mais gostei de rever foi a ideia de ilustrar o inferno com insetos e relacionar este gente da história aos peçonhentos. Como dizia Tião Macalé: Hii, nooogeeento!

Esta ilustração foi publicada no site 'ilustrabacana' de onde veio o tal cutucão que mencionei acima. Comecei a intensificar minha participação nesses veículos profissionais, fora dos ambientes eclesiásticos.

Hora do Conto - junho 2012

Um dos grandes prazeres que desfruto em minha igreja é o momento das artes na Hora do Conto. Crianças, pais, adolescentes em torno de papel, lápis, cor e muita diversão. Sempre aprendo algo novo, sempre descubro alguém com habilidade, um outro se desligando do mundo em volta e viajando na fantástica fantasia do desenho.

Freud explica? Palavras contidas? Sublimação?

Estava ali, aguardando para ser atendido, com a senha em mãos, ouvindo todo tipo de comentário desagradável naquela sala de espera de laboratório de análises clínicas. Na mochila surrada meu sketchbook, uma  reportagem impressa sobre o trabalho Carter Gooddrich e uma caneta bic preta. Comecei a reproduzir uma das imagens do grande ilustrador (ele trabalhou em vários filmes de animação como Procurando Nemo, O Príncipe do Egito e Ratatouille) enquanto os ponteiros do relógio caminhavam ritmadamente. Chegou minha vez!!
Quando cheguei em casa me dei conta de que, mesmo sem perceber, havia expurgado meus sentimentos através das imagens. Freud explica?